Aquela manhã o tenente Freixo levantou-se com enxaqueca. As dores de cabeça à hora de levantar-se eram algo que lhe acontecia com demasiada frequência. Era justo naqueles momentos que deixaria definitivamente a bebida, mas tão logo como chegava ao quartel, todas as suas boas resoluções iam-se-lhe aos recantos mais escuros e esquecidos da sua vontade. E como não ia ser assim? O primeiro que fazia nada mais fichar no controle era achegar-se à sala dos oficiais. Entre os seus companheiros existia o costume ––seguramente desde os tempos de os Terços de Flandres–– de ir tomar algo à cantina de oficiais. Alguns, mesmo, iam à da tropa, porque era um sitio onde ninguém ousava estar a menos de dous metros dos oficiais e, ademais, podia-se um escoar sem ter que dar explicações.
O tenente Freixo queria manter uma certa dignidade dentro de todo aquilo. Procurava tratar a tropa de você e com respeito. Não era dos que sentiam orgasmos dando ordens. Na realidade, todas as manhãs, além de se dizer que havia deixar a bebida para sempre, repetia-se que o seu sitio não era o exército. O certo é que sua mãe, uma honorável anciã de oitenta e três anos, dizia-lhe cada vez que o via (algo assim como uma ou duas vezes por mês):
–– Não sei por que carape estás ainda aí.
–– E onde ia eu encontrar trabalho agora? ––costumava responder ele.
Fora seu pai quem o empurrara a entrar no exército justo quando rematara a carreira de Direito. O pai do tenente Freixo fora um homem de honra, desses para os que os grandes valores do homem (leia-se o macho) passam pelo amor à pátria como se fosse a própria mãe. Por isso, tentou por todos os meios que seu filho entrasse no exército, por isso e porque a sua própria frustração de não passar de sargento e ter que retirar-se por mor duma lesão, levara-o obsessivamente a projetar no seu filho os seus próprios desejos vitais. Porque, por cima, o tenente Freixo era o único filho varão, o único homem entre seis mulheres, as suas irmãs.
Fez o serviço militar na milícia e depois ficou no exército. De alferes ascendeu para tenente e aí seguia. Estivera em três destinos distintos, a qual pior, até que chegara ao atual, na unidade de cabalaria Las Lomas. O coronel do regimento era um velho prematuro que só esperava a hora de se reformar, pelo que quem levava todo o mando do quartel era o comandante Gestoso, um homem com cara de rato (acentuada tal imagem por mor do bigode em ponta que tinha) que gostava de manejar o aquartelamento como se fosse uma quinta, ou talvez uma fazenda sul-americana.
O tenente Freixo temia-o. Mas aquele temor não era algo exclusivo dele, afetava a todos os oficiais de Las Lomas, incluídos os outros dous comandantes que, teoricamente, eram os seus iguais, mas só teoricamente.
Aquela manhã, o tenente Freixo maldisse a sua pouca vontade para deixar de beber conhaque todas as manhãs, escutou a voz de sua mãe repetir-lhe “que carape fazes tu aí” e, como novidade ––as novidades eram algo novo do tenente–– teve um pressentimento. Aquilo si que era algo estranho porque a rotina da sua vida não lhe permitia tales luxos, mas por alguma estranha razão, teve-o. O que pressentiu o tenente Freixo foi que aquela era a fim duma parte da sua mísera existência. Não compreendeu o que aquilo significava, mas tampouco lhe importou demasiado porque devia ser uma fantasia, como as que tinha quando cativo ––depois o seu rejo pai proibiu-lhas todas––. Que caralho ia fazer ele fora do exército? Onde ia ele trabalhar com a carreira de Direito sem estrear?
Era uma regressão, seguro.
Depois de barbear apuradamente, o tenente Freixo tomou rapidamente o café, pôs a jaqueta, a boina, arrumou o lenço vermelho diante do espelho e saiu para a rua. O dia anunciava calor. Melhor, porque não lhe tocava guarda até dentro de três dias. Não é que as suas guardas fossem um suplício (eram-no para os soldados, que podiam acabar com carambelos no nariz no inverno ou perder até um par de quilos por mor do suor no verão), porque mesmo podia ver a televisão, inclusivamente os canais por satélite, mas não podia conectar-se à internet, meter-se nos bate-papos fazendo-se passar por uma viúva de vinte e nove anos com muita necessidade de amor. Desfrutava muitíssimo com aquilo e era o grande segredo da sua vida, um aspeto dele que não contara a ninguém e que mesmo lhe permitira descobrir alguns dos seus companheiros a procurarem mulheres liberadas com que exercer de machinhos.
A sua entrada pelo controlo foi o começo da novidade. O soldado que estava de guarda saudou-o com a mão na têmpora, como era de rigor, e disse-lhe mirando para o chão:
–– Meu capitão…
–– Não me ascenda, obrigado. Dá com tenente.
–– Desculpe, meu tenente. Tem aqui uma mensagem do comandante Gestoso.
Gestoso. Que mosca lhe picaria ao mau bicho? Havia uma semana que não se cruzava com ele e isso era algo de agradecer.
O tenente Freixo abriu o sobre com manchas de nicotina que lhe tendeu o soldado (a nicotina era do comandante, que fumava três maços diários). Havia uma nota simples com uma só linha escrita a mão com letra desigual, como se estivesse escrito por três pessoas distintas:
«Venha para o meu gabinete imediatamente. É questão vital. O comandante Gestoso»
Não tinha nenhuma vontade de acudir à cita, mas se o cacique (assim era como sabia que o chamavam os suboficiais) o requeria, só uma baixa psiquiátrica ia impedir-lhe acudir ao seu gabinete.
Não ousou ir à cantina de oficiais para tomar o conhaque com os companheiros (pelo menos isso era algo positivo) e acudiu direito para o gabinete do comandante. Quando chegou diante daquela porta vetusta e de cor indefinida, sentiu que o estômago lhe fazia grandes esforços por lhe escapar do seu lugar normal e tentava sair-lhe pela boca. Sentia verdadeiro nojo de picar na porta, mas não lhe fez falta, porque uma voz rouca disse desde dentro num tão severo:
–– Freixo, entra já ou deixa-o para amanhã?
O tenente Freixo automaticamente abriu a porta. Frente a ele, o comandante estava sentado lendo um jornal desportivo, porque aquilo era o mais elevado que acostumava ler aquele home tão temido como odiado. O da cara de rato (o tenente apercebeu-se então ––incompreensivelmente só então–– que tinha as orelhas muito redondas, o qual lhe acrescentava o seu aspecto de roedor; teria também os incisivos mais desenvolvidos do normal?) levantou os olhos e espetou-lhe:
–– Você não é advogado?
–– Sou licenciado em Direito…
–– É a mesma coisa. Vamos ver, tenho-lhe uma tarefa importante, algo que marcará um antes e um depois na sua carreira.
O coração do tenente Freixo começou a latejar a toda a velocidade. Era a primeira vez em todo o tempo que levava naquele destino na que o seu superior fazia referência à sua titulação universitária. Precisamente o tema dos estudos de cada um era algo do que nunca se falava. Pertencia à mais estrita intimidade, o qual não acontecia com as histórias sexuais dos oficiais, quem amiúdo contavam batalhas extraordinárias sobre as suas façanhas e que o tenente Freixo tinha por falsas num noventa e oito por cento. Contudo, o relativo aos estudos era algo do que não se falava. A verdadeira razão daquele silêncio estava em que praticamente nenhum dos seus companheiros tinha estudos universitários, mas tinham a carreira militar, que para eles era uma licenciatura mais, como podia ser a medicina ou o jornalismo. E ponto, porque doutro modo podiam surgir suspeitas e o tenente Freixo já procurava que ninguém lhe tivesse manias por nada, que já o passara mal demais na sua adolescência por mor de o seu pai obrigá-lo a praticar esgrima, coisa que aos seus companheiros causava uns risos que ainda, de quando em vez, ressoavam na memória do tenente Freixo.
Portanto, não compreendia por que o comandante fazia referencia à sua carreira, algo ao que durante o seu tempo de estadia no exército ninguém não fizera referência. Ademais, adivinhou um olhar astuto naqueles olhos de rata, porque de seguro que aquela mente de roedor estava a maquinar algo. Assim e tudo, o tenente Freixo não abriu a boca para fazer qualquer pergunta, mas preferiu manter-se em pé e em silêncio à espera que o seu oficial superior lhe desse explicações.
O comandante, depois de procurar uma resposta na cara de póquer do seu subordinado, optou por falar, visto que tarde ou cedo haveria de dar explicações.
–– Verá, Freixo ––começou a dizer sem parar de observá-lo de soslaio ainda que aparentemente seguia a folhear o jornal desportivo––, você já sabe que o coronel põe em mim toda a sua confiança para que o quartel funcione em condições…
O tenente Freixo sentiu que se esperava dele uma resposta breve e concisa:
–– Sim, meu comandante.
Gestoso mirou-o um instante e sorriu ligeiramente, logo seguiu com a sua exposição enquanto seguia a passar as folhas do jornal, até que as passou de tudo e volveu começar.
–– E como responsável da ordem deste aquartelamento, não podo consentir que haja indisciplina e, sobre todo, que se ponha em perigo a vida dos homens ao meu cargo, tá a perceber?
–– Sim, meu comandante.
–– Você já sabe que por desgraça alguns dos nossos superiores são muito formais, que temem demasiado à opinião pública, ao “que dirão” dos civis, quando nós somos os verdadeiros alicerces da sociedade, os únicos que podemos defender a democracia, já me entende.
–– Sim, meu comandante.
–– Querido Freixo, como homem de honra que sou e seguindo uma antiga tradição castrense, vou submeter a juízo ao responsável do desastre de ontem.
O tenente Freixo lembrou o acontecido na véspera no aquartelamento, quando um par soldados caíram do alto dum carro de combate. Um deles rompeu um braço e o outro precisou pontos para duas feridas na cabeça. Ambos deles estavam fora de perigo, mas o assunto revolvera os ânimos da tropa.
–– Com todos os respeitos, senhor ––disse o tenente Freixo tentando que todas e cada uma das suas palavras levassem o tom adequado––. Não seria mais conveniente abrir uma investigação?
––Chatices! ––disse o comandante guindando o jornal por cima do seu ombro––. Está claro quem é o culpável. Como não podemos submetê-lo a um conselho de guerra, porque para isso haveria que contar com a permissão da justiça militar e não nos deixariam tomar parte, pelo menos podemos fazer o nosso próprio juízo e, pelo menos, condená-lo a um arresto…
Uma pausa brevíssima.
–– Se fosse culpável, é claro ––adicionou o comandante.
Outra nova pausa. O comandante olhou para o tenente tratando de adivinhar os seus pensamentos.
–– O que opina?
O tenente Freixo limitou-se a dizer o que em momentos como aquele quedava muito bem:
–– Um soldado não opina, obedece as ordens.
O comandante largou uma gargalhada que deveu fazer tremer todo o prédio.
–– É você muito inteligente. Bem, seguimos com este assunto. Dentro dum par de horas começamos o juízo… E você será o advogado defensor do acusado. Retire-se.
O tenente Freixo obedeceu. Não sabia realmente o que pensar daquela farsa. Disseram-lhe que havia um acusado. Quem seria? Aquilo era desacostumado e roçava o ridículo, a paranoia. O comandante estava a piques de levar a cabo a maior estupidez da sua carreira, se é que ao que ele fazia se lhe podia chamar carreira.
Mas as surpresas não chegaram sós. Quando subiu ao seu gabinete, o cabo disse-lhe que um soldado pedira urgentemente vê-lo, saltando-se o conduto regulamentar, ainda que tal proceder poderia ter consequências fatais para qualquer soldado. Mas o tenente não era um obsesso das formas e acedeu a recebê-lo.
–– Meu tenente, sou o soldado Bares da IV Companhia.
–– Diga-me o que quer.
–– Meu tenente ––o moço tremia como um flã a piques de cair ao chão pelos nervos que tinha––, eu fui escolhido pelo comandante Gestoso para o juízo do que aconteceu ontem.
–– Que o escolheu? E para que?
–– Ah, sim, desculpe. Escolheu-me como promotor para fazer a acusação.
O tenente Freixo ficou em silêncio com a mão no queixo. Assim e tudo, a sua mente era um vulcão de pensamentos. Um deles, quiçá o que mais tremia, transformou-se numa pergunta:
–– E sabe quem será o juiz do juízo?
–– O próprio comandante, meu tenente.
Aquilo era lógico dentro da irracionalidade que supunha aquela espantada. Se o comandante montava a farsa, ele havia presidi-la.
–– E que queres que faça por si? ––perguntou o tenente Freixo
–– Meu tenente, eu não quero fazer de promotor.
–– Por que o escolheram?
–– Porque fiz três anos de Direito. Mas depois mudei para Filosofia, gostava mais disso.
–– Lamento-o de verdade, mas não posso fazer nada por si. Pense que é…
O tenente Freixo ia dizer: “como uma obra de teatro que se representa e depois acabou”, mas não o disse porque a sua cautela habitual se acabou impondo e mudou a fim da sua frase:
–– … uma atividade mais que se faz aqui. Depois, já tentarei eu que obtenha, pelo menos, uma semana de permissão.
A ideia de obter uma semana de permissão animou o rapaz, que sorriu timidamente.
–– Muito obrigado, meu tenente. Com licença, vou retirar-me.
–– Vá tranquilo.
–– Bom dia, meu tenente.
–– Bom dia.
Quando o soldado saiu, o tenente deu-se conta que tinha acima da mesa uma casta de dossiê em que o comandante se preocupara de lhe fornecer dados sobre o juízo. Teoricamente tinha quase duas horas para ler cinco folhas que eram supostamente um sumário.
O tenente leu-as como quem lê um tratado sobre o tédio. Depois, com o espírito abatido, quedou a olhar pela janela enquanto no fundo da sua mente a voz da sua mãe lhe repetia: “que fazes tu aí?”.
Afinal chegou a hora do juízo. O comandante exigira roupa de gala, como a que se usa nas paradas em frente das autoridades. Habilitara o ginásio para o ato e a maioria da tropa isenta de serviços encontrava-se no recinto por ordem do comandante. Mesmo o coronel tinha um assento em primeira linha para presenciar todo sem perder um detalhe. Aquele pobre homem parecia uma marionete a quem para viver bastava com as palavras de afago dos que se lhe dirigiam (logicamente de oficiais para acima, porque outramente não teriam acesso a ele).
O tenente Freixo entrou. A tropa estava sentada em cadeiras nos laterais do ginásio, deixando no centro um corredor. Frente a ele, habilitara-se um estrado, onde no centro havia uma mesa de acaju que parecia o assento do comandante; à direita e à esquerda havia outras duas mesas consideravelmente menores, que se suponha que eram para o promotor e o defensor. Justo diante da mesa principal, e de costas para o público, havia uma cadeira com uma pequena mesinha desde a que se ouviria o relato das testemunhas.
Depois do tenente Freixo entrou o soldado que faria o papel de fiscal. Estava muito nervoso, apesar de ouvir as vozes de ânimo dos seus companheiros da tropa que o encorajavam. Finalmente entrou o comandante, quem levava uma capa que ninguém conseguiu adivinhar de onde tirara. A entrada do comandante provocou um silêncio absoluto na concorrência.
Com toda a dignidade dum príncipe, o comandante abriu a sessão batendo com o maço na mesa. E desde esse momento, as coisas desenvolveram-se como nos filmes norte-americanos, mas sem necessidade de haver de deter o processo por causa dos murmúrios dos assistentes. E não podia ser outramente, porque ninguém queria levar um arresto de fim de semana por dizer em alto o que realmente todos pensavam daquilo: que era uma pantomima.
O tenente Freixo começou a sentir umas terríveis ganas de vomitar. Ele havia defender o indefensível, uma irrealidade que o comandante, por mor do seu poder quase absoluto, transformara em realidade, desafiando toda lógica humana. O pobre soldado-promotor fazia o melhor que podia o seu papel, atacando o acusado… acusado que não se movia, que não padecia, que não se queixava. Mas tanto o promotor quanto o advogado não paravam de olhar de soslaio para o seu comandante, cientes de que todo havia desenvolver-se segundo o seu visto. Houve perguntas ridículas ––sugeridas pelo comandante nos relatórios prévios––, houve manobras ainda mais absurdas ––também sugeridas pelo comandante. O advogado tentou procurar outros culpáveis, talvez um mecânico, um varredor, ou, quem sabe, o próprio tempo, mas não era questão de botar as culpas a Deus só por dar prazer ao comandante. A sua submissão não dava para tanto. Ao mesmo tempo, o tenente Freixo não parava de ver a imagem do seu pai rir às gargalhadas. Por que se ria na altura? Afinal não estava onde ele sempre quis que estivesse? Mas se por acaso aquela visão não bastasse, de vez em quando vinha-lhe a da sua mãe com a eterna pergunta: “O que fazes tu aí?”. O tenente Freixo sentiu uma vontade terrível de berrar, de proclamar aos quatro ventos que aquela farsa era uma estupidez, que aquele comandante era um neurótico e que todos os que lhe seguiam a corrente, incluído ele mesmo, eram patéticos. Mas não fez nada, e seguiu para em frente com o roteiro, perguntando as testemunhas, sem gana, só aparentando realizar o seu trabalho, olhando as reações do comandante.
Aquilo durou toda a manhã. E não podia durar mais porque não havia muito que julgar. Finalmente, meia hora antes da hora da refeição, o comandante disse:
–– Este júri retira-se a deliberar. Já foram ouvidas todas as partes e podemos e queremos dar o nosso veredito. Fiquem os presentes na sala até a nossa volta.
A paranoia alcançava níveis inimagináveis. O comandante era o único membro do júri, mas o pior era que queria decidir sobre as responsabilidades antes do jantar. Aquilo não o perdoava nem uma tropa submissa como aquela. Não, não estavam dispostos a demorarem a sua refeição. Podia haver revolta, porque com o bandulho das pessoas não se podia jogar.
Mas a decisão foi tomada rapidamente, em realidade demorou tanto tempo como o comandante bebeu um copo de uísque e fumou um cigarro. Depois volveu ao ginásio e ditou a sua sentença segundo as névoas da sua mente.
–– Este tribunal encontra o acusado culpável do crime de imprudência temerária, pelo que o obriga a ficar arrestado durante um mês sem sair ao exterior baixo nenhum concepto.
O tenente Freixo suspirou. Aquilo já era o cimo. O comandante declarara que o carro de combate era o culpável do acidente e, portanto, havia de ficar arrestado. Certamente teria sido impossível montar um conselho de guerra contra um carro de combate, mas pelo menos aquele homem levara a cabo uma sua fantasia, uma fantasia que alguns dos seus colegas realizaram nalguma outra ocasião, tendo arrestado cavalos, fuzis e até escadas (porque numa ocasião um brigada bêbedo caíra de uma).
O tenente Freixo não foi jantar com os seus companheiros. Em troques, saiu à rua e buscou um telefone público. Desde ali chamou à sua mãe, a quem simplesmente disse:
–– Mãe, desde hoje mais nunca hás de perguntar-me o que faço aqui.
A anciã simplesmente pensou que seu filho, por fim, começava a amadurecer.
You might also like
More from Narrativa
Dalinha Catunda, autora “de cordel” | Café com Português
Dalinha Catunda nasceu em Ipueiras, no Ceará. É poeta e desde muito cedo aprendeu a transformar os seus sentimentos em …
Thayane Gaspar Jorge: “Nossa concha de retalhos” | Café com Português
Decidi escrever para colocar um pouco de sangue em cada letra pra que ela viva e essa história morra em …