O tempo
aa amarga
aa demais a luz
aaaa A ave voa
aaaa um céu
aaaa repleto de manhãs
Não há em meus pés descalços
aaaa maior motivo para
aaaa deslocar desejos
aaaa que ver a luz
aaaa sendo amargada
aaaaaaaaaa pelo tempo
aaaa escasso
O maior medo é o presente
aaaa Pois a busca da felicidade
aaaaaaaaaaaaaaaaa é a fugacidade
aaaaaaa da busca
Por silêncios,
tomo os barulhos que perpassam
o vidro entreaberto
da janela do quinto andar
aaa As rugas do lençol
aaaaaaa guardam em si
aaaaaaa alguns sossegos
aaaaaaa que divergem
aaaaaaa dos ruídos
aaaaaaaaaaa próprios dos
aaaaaaaaaaa reflexos no espelho
Então faço a mim mesmo
aaa um sem número de promessas,
aaaaaa o que me faz
aaaaaa ver em mim
a imagem do que queria,
aaaaaa mas na verdade não quero
É preciso ter olhos para a poesia,
aaaa sem buscá-la na
aaaa azáfama de encontrá-la:
aaaaaaa deixe que o tempo
aaaaaaa se encarregue
aaaaaaa do acender das luzes,
aaaaaaaaaa então os olhos
aaaaaaaaaa tornam-se
aaaaaaa mera ferramenta
aaaaaaa de percepção
Latente, no entanto,
aa está a palavra,
aa produção de nuvens na
aaaaaaa manhã de reflexos;
aaaa pedal;
aaaa garridez do céu
aaaa no agora
aaaa do hoje
aaaa – que se dissipa
aaaa nos corpos;
aaaaaa lucidez
aaaaaa intencional;
aaaa tradução
aaaa de relâmpagos
aaaa no céu em trevas
O breu
amedronta
o homem
que não sente a luz
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