Permanece nas montanhas o silêncio frio das manhãs e a energia rápida dos segredos enleia-se nas imagens desviadas da inocência e depressa correm loucamente pelas encostas como vozes leves, ardentes e taciturnas. São delicadas e vagarosas as cores das crianças quando sofrem com o azul-cobalto dos anjos. Os planetas escuros estão cheios de vícios. Tu és uma energia rápida em combustão interior. O silêncio diz que enlouqueço. Olho a loucura com o nome indecifrável da melancolia e os lugares extensos levantam-se como constelações inexoráveis de imperfeição. Existe uma energia bruta no brilho obscuro da certeza. São indiscutíveis os cenários da paixão. Sou ou treva ou luz na paisagem das gradações. O eco das pancadas permanece sob a forma estabelecida do concreto. O concreto é a forma criada da permanência. Tu és uma vergasta de luz num movimento interior de desordem. Uma chama desliga a demanda do corpo. A tradição manda, a traição mata. Debaixo das luzes, o perigo dos equívocos é maior. Estou num sítio desavindo no interior da decifração. A culpa é das paisagens que se precipitam para os nomes. Todos os nomes cumprem a sua missão de eternidade efémera. A tua voz é uma metáfora de paixão. As vozes astrológicas queimam a vertigem dos enigmas. Dentro do teatro Shakespeare morre como um robô ingénuo. A viagem é outra possibilidade de equilíbrio. O teu sorriso é agora uma frase visível. Empurro as regras para a imobilidade. A força do medo ateia outro fogo dentro da minha cabeça. O amor é um vulcão ferido. Por isso brilha na noite o sangue ardente da infância.
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