NOTA DE PALAVRA COMUM: agradecemos a Xosé Lois García a sua vontade de publicar nesta revista o seu livro “África em Sinfonia Solar”, com poemas e desenhos da sua autoria, editado em papel em 2005, promovido desde o Centro Cultural Luso Moçambicano de Lisboa, e dificilmente encontrável a dia de hoje.
Cada poema vai acompanhado do desenho com o que dialoga.
***
7
O ritmo dos corpos na madurês da terra
ilumina os gestos da quitandeira,
a cesta leva segredos sem recompensas.
Mama grande
carregas na cabeça à África toda?
Deixa-me o teu pano vermelho,
o teu sudário,
para estreá-lo quando peregrine
frente ao sol onde flutua o teu salário.
***
8
A máscara de África dorme lisa sobre seu mito,
assim principia o símbolo em olhada definida.
Aqui ficam inércias e segredos sem dizer
quando a ternura resplandece em rosto de orvalho.
A madona, com lenços de linhaça atravessa África
procurando luz no silêncio de outro grande memorial.
***
9
Cara ao fogo ia procurando destino;
algum dia, no reino da paixão ardente,
a lua mostrar-lhe-á a direção do rio.
Ó mulher indestrutível,
cósmica e solar
erigida na lâmina de outro olhar?
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