GUILHEM DE POITIERS (1071-1127): Ab la dolçor del temps novel (tradução de Graça Videira Lopes)
Ab la dolçor del temps novel
folhon li bosc, e li auzel chanton chascus en lor lati, segon lo vers del novel chan: adonc está ben qu’hom s’aizi d’aquó dont hom a plus talan.
De lai don plus m’es bon e bel non vei messagér ni sagel, per que mos cors non dorm ni ri ni no m’aus traire adenan, tro qu’eu sacha ben de la fi, s’el’es aissi com eu deman.
La nostr’amor va enaissi com la brancha de l’albespi qu’está sobre l’arbre en tremblan, la nuóit, ab la ploia ez al gel, tró l’endeman, que.l sols s’espan per la fuelha vert e.l ramel.
Enquer me membra d’un mati que nos fezém de guerra fi e que.m donét un don tan gran: sa drudaria e son anel; enquer me lais Diéus vivre tan qu’aia mas mans sotz son mantel!
Qu’eu non ai soinh d’estranh lati que.m parta de mon Bon Vezi; qu’eu sai de paraulas com van, ab un bréu sermon que s’espel… Que tals se van d’amor gaban, nos n’avêm la peç’e.l coutel. |
Com a doçura do tempo novo
florescem os bosques e as aves cantam cada uma delas no seu latim segundo os versos do novo canto; é bom então que desfrute assim cada um aquilo que mais anseia.
Dali, da melhor e mais bela morada, não vem mensageiro nem carta selada, e já meu corpo não dorme nem ri e nem mesmo ouso seguir adiante, até que eu saiba bem desse fim, se será enfim o que eu reclamo.
Com o nosso amor acontece assim como com o ramo do branco espinho que está sobre a árvore tremendo de noite, à chuva e ao gelo, até ao novo dia, quando o sol se expande pelas folhas verdes e pelos ramos.
Lembro-me ainda de uma manhã em que pusemos à guerra fim e em que me deu um dom tão grande: o seu corpo amado e o seu anel; que me deixe Deus viver o bastante para ter minhas mãos sob o seu mantel!
Pois caso não faço de estranho latim que me afaste do meu Bom Vizinho: pois sei das palavras como vão num breve discurso que se espalha… Que alguns se vão de amor gabando mas nós temos a carne e o cutelo. |
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