CONDESSA DE DIA (finais do século XII): Estat ai en gréu cossiriér (tradução de Graça Videira Lopes)
Estat ai en gréu cossiriér per un cavaliér qu’ai agut, e vuolh sia totz temps saubut cum iéu l’ai amat a sobriér; ara vei qu’iéu sui traída car iéu non li donei m’amor; don ai estat en gran error en liéich e quand sui vestida. Ben volria mon cavaliér tener un ser en mos bratz nut, qu’el s’en tengra per ereubut sol qu’a lui fezês cosselhiér; car plus m’en sui abelida non fetz Floris de Blanchaflor: iéu l’autrei mon cór e m’amor mon sen, mos uolhs e ma vida. Bels amics, avinens e bos, quora.us tenrai en mon poder? E que jaguês ab vos un ser e que.us dés un bais amorôs? Sapchatz, gran talan n’auria que.us tenguês en luoc del marit, ab çó que m’aguessetz plevit de far tot çó qu’iéu volria. |
Tenho estado em grande coita por um cavaleiro que tive, e quero que para sempre seja sabido como eu o amei demais; vejo ora que sou traída porque não lhe dei meu amor; do que tenho estado em gram torpor no leito e quando vestida. Bem gostaria de o meu cavaleiro ter uma noite em meus braços nu, e que ele se tivesse por ditoso só de lhe fazer de almofada; pois estou mais enamorada do que Flores de Brancaflor: entrego-lhe meu coração e o meu amor, meu juízo, meus olhos e minha vida. Belo amigo, amável e bom, quando vos terei em meu poder? Que me deitasse convosco uma noite e que vos desse um beijo de amor! Sabei, grande vontade teria de vos ter no lugar do marido, com tal que me houvésseis prometido fazer tudo quanto eu quereria. |
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