Na lua nova no mês maio de 2013 despertamos no meio da noite. Uma força telúrica, como se do aguilhão da moura do monte da Penouqueira se tratasse, semelhava impelir-nos a encetar um projeto que desde havia muito considerávamos necessário: a criação de um espaço digital plural para mostrar as artes e debater sobre a cultura de ontem e de hoje, respeitando as particularidades de todos e ao tempo projetando-nos decididamente para a lusofonia.
Na Galiza há muito talento, e os galegos temos muitos e bons amigos, por isso esta revista deve ser ante tudo um lugar de encontro, uma nova ágora em que partilharmos a «palavra comum», autêntica rainha de todos os corações e utopia perpétua do reino da poesia.
Sede bem vindas e bem vindos a partir de hoje, primeira lua nova de 2014, a este local em que nenhuma perspectiva generosa e sincera será estrangeira, na procura permanente de aquilo que nos une e converte a vida num caminho frutuoso em boa companhia.
Alfredo Ferreiro
Presentámosvos Palavra comum,un espazo de comunicación entre a vangarda e os saberes tradicionais, conectados por un fío sutil ao longo dos séculos, desde a lareira ao pupitre, desde a boca da vella ao móbil do rapaz.
A revista de artes e letras da lúa nova, aberta á lusofonía, ofrecerá semanalmente petiscos de creación e de reflexión en torno á cultura entendida como proceso social de sementeira, crecemento e colleita de inquedanzas, desexos e pensamentos do noso povo.
A arqueoloxía, a música, a fotografía, as lendas, a elaboración tradicional da sidra, as artes visuais, a literatura, a danza, a educación, a arquitectura, a gastronomía, os deportes tradicionais, a historia, todas elas atopan o seu lugar en Palavra comum e interrelaciónanse para conformar esta revista que hoxe comeza a camiñar.
Tati Mancebo
Este será um espaço de expressão horizontal que nasce como um catalisador, aberto aos fluxos que percorrem inumeráveis propostas existentes, visando uma transformação permanente do seu (e do nosso) caminho com as colaborações de quem está a protagonizar, em grande medida, uma mudança de perspetivas para observar e interatuar com o que nos rodeia.
A jeito de lua nova, exercendo uma influência rotunda sobre as marés do pensamento, os ciclos vitais da criação, as fendas que permitem a comunicação do imaginário com a realidade em fértil diálogo para presente(s) e futuro(s) que dependem em grande medida do que queremos e precisamos construir, deixamos aberta a porta a todas e todos vós, numa casa que também vos pertence por perseguir, também, a necessidade de abater os muros e fundar a lógica poética e vital do abraço fraterno.
Passai e acomodai-vos, pois este lugar alimenta-se com a vossa estância e a capacidade para sonhar, por fim, com os olhos abertos e os pés chantados na raiz do céu. Nestes tempos de convulsão lançamos esta proposta, levados por essa mesma chamada que estais a sentir dentro de vós, aprendendo das muitas formas de vida que permanecem ocultas, silenciadas ou quase invisíveis, desenhos de um enorme calado que consideramos devem ser tidos em conta na criação e ampliação do nosso conhecimento comum, visando a aprofundação intensa das nossas vidas e da Terra que nos rodeia e funda.
Seremos o que sonhamos ser, e para isso é que botamos a andar, convencidos da precisa oportunidade deste caminho, fundado na múltipla incandescência que a língua prendeu no mundo, sem perder nunca a atenção ao que medra desde as raízes até nós.
Ramiro Torres
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