A fila de miúdos daquela escola de Quelimane era imperturbável. As professoras repartiam canetas chegadas da Europa. Era como uma dádiva enviada de qualquer parte que traziam os espíritos animistas. Para eles era um tesouro funcional do que carecem em tantas escolas. As crianças observavam as canetas e alguma voz confirmava: “a minha escreve!” Por fim, todas escreviam. Moçambique tem carências, pese ao esforço das instituições nacionais e provinciais que tentam superar as dificuldades que há em matéria de ensino. Os problemas da guerra estão presentes, incomodam a todos. Além disso há consciência para superar passados e ter como prioridade a saúde e o ensino. Existe esforço na escolarização dos meninos moçambicanos. Eles querem aprender a ser mestres de artesanato, ter uma quinta para vender frutos e ser ricos; os menos ambiciosos preferem saber ler e escrever para que ninguém os engane. Aqueles escolares com suas canetas na mão, percebi em suas olhadas estáticas uma emoção contida e mesmo mergulhada naquela manhã de ardente sol que lhes trazia felicidade.
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