Achei a garotada num dos subúrbios de Quelimane, encostada nas paredes duma cubata de cana e barro. Estava sentada numa esteira sobre a areia do chão e sob a sombra de uma palmeira invisível. Lá estavam os jovens a sorrir e namorar e, também os filhos de alguma delas. A curiosidade os fazia espreitar no aparelho com que eu cobria os olhos. Esse tipo de assembleias nas sanzalas são um símbolo que dignifica a tradição de não viver espalhados do grupo, nem retraídos em seu próprio individualismo. As garotinhas já com filhotes, admiradamente protegidos, com essa animosidade maternal de realizar-se como mães e ser felizes. Elas sabem que ter filhos em condições adversas e vulneráveis é coisa boa para assegurar companhia para superar dificuldades, compartindo-as. A vida é muito curta, em muitos lugares de África. Apenas aos quarenta anos as pessoas são velhas e por isso precisam de ter amparo na velhice e vistoso enterro com cerimónia de lutuosa, batuque a soar e filhos amargurados a dar testemunha de amorosas virtudes.
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