A escrita autêntica deve desbravar os muros do inventado. Abrir novas paisagens e trazer o inesperado, o projecto do encanto e a filosofia. Fatiga a arte que se repete e se compete. Há sim uma necessidade premente dela renascer, reluzir como um astro com raízes terrenas do intimismo. Há sim um decreto por cumprir, o da invenção da sociedade na escrita e não da escrita à sociedade. O poeta não é digno de engenhar os espelhos. Não possui vida. Escreve mesmo sem palavras, passa por tudo e em todos. Esta é a lei da metamorfose: a descoberta. A escrita autêntica não revela teorias, cega-as. Não segue o objecto (substância concebida), ela é o auto-proclamado sujeito. Dentro dela há luz e fogo e o espírito como matéria-prima. A força animal, a linguagem, o movimento interior da língua.
Hirondina Joshua & Jaime Munguambe
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