– Palavra Comum: Que é para ti a História?
– Luís Martínez-Risco Daviña: A história é uma disciplina que ajuda a pensar reflexivamente. No nosso dia a dia devemos tomar decisões sobre aspectos nos que influem múltiples aspectos, e devemos de o fazer valorando todos e cada um por individual e no seu conjunto. O caracter multicausal que é próprio à disciplina da história contribui na aprendizagem e adquisição das habilidades necessárias.
– Palavra Comum: Como abordas o teu trabalho como historiador?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Na aula, como docente, tentando que @s alumn@s não estudem a história como se fosse um dogma que se deve memorizar. Que fagam o esforço de aprender a pensar, a reflexionar. Como ensaísta, algo que tenho um cacho abandonado, trasladar a ideia de que todo discurso é questionável e factível de ser revisado.
– Palavra Comum: Qual consideras que é -ou deve/pode ser- a relação entre a História e as diversas artes (literatura, artes plásticas, música, etc.)?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Sem conhecer o contexto social, político e económico em que se desenvolvem as diferentes manistações culturais estas ficam valeiras de conteúdo.
– Palavra Comum: Que referentes tens, num sentido amplo? Quais reivindicarias por serem pouco (re)conhecid@s ainda?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Tod@s @s que contribuíram com o seu trabalho a dignificar Galiza, em particular a tod@s @s anónim@s que souberam estabelecer um diálogo de amor com a Terra.
– Palavra Comum: Como é a tua experiência no ensino da História? Para onde deveriam caminhar estes modelos educativos?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Cada ano que passa um bocado mais frustrante. Os planos de estudo são absurdos. Encher e encher de conteúdos que, de tanto encher, ficam valeiros e dificultam a aprendizagem da reflexão. Os modelos educativos, no referente à História, deveriam esforçar-se em ultrapassar os modelos decimonónicos quando os estados estavam obsesionados por se equiparar a nações e as nações em se constituir em estado. No caso do estado espanhol, além do trágico das guerras e repressão, chega à paranoia de ver um elemento de pobreza o que em realidade é de riqueza.
– Palavra Comum: Que caminhos (estéticos, de comunicação das suas criações à sociedade, etc.) estimas interessantes para a história hoje, nomeadamente no que tem a ver com o contacto com o público?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Tudo o que tenha a ver com a valorização da relação do homem com a Terra dende uma perspectiva telúrica, a fim de contas nisso é que radica a essência do ecologismo. Algo que souberam ver os saudosistas e, na Galiza, a gente da Xeración Nós.
– Palavra Comum: Como historiador, que correntes e relações com outros espaços -ocultas ou manifestas- achas interessante reivindicar, nomeadamente com a Lusofonia?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Re-escrever a nossa história em comum. Não desde a perspectiva de uma história nacional decimonónica, mas sim desde a perspectiva de aprender de tod@s que fixeram da Gallaecia um lugar maravilhoso.
– Palavra Comum: Que projetos tens e quais gostarias chegar a desenvolver? Fala-nos, em concreto, da Fundación Vicente Risco…
– Luís Martínez-Risco Daviña: Levo vários anos implicado com a Fundação Vicente Risco. Um labor complexo que não seria possível sem a cumplicidade de múltiplas implicações individuais, de pequenas empresas, … Desde o Padroado da FVR consideramos que o melhor contributo que podemos fazer para honrar a Vicente e Antón Risco é o de prosseguir o seu trabalho pola dignificação da Galiza. Catalogar e digitalizar a documentação de ambos os dois autores para ser consultada por investigadores. Afondar na reflexão sobre o país e a nosa cultura, no que o relacionamento com Portugal e a Lusofonia é quase uma obriga. O trabalho de cultura de base, …
Fazer da FVR um lugar de encontro, querido por todos.
– Palavra Comum: Que achas de Palavra Comum?
– Luís Martínez-Risco Daviña: Um espaço de encontro e reflexão.
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