– Palavra Comum: Que relação achas entre Brasil e Galiza?
– Paulo Silva: Eu levo 7 anos aqui na Galicia e vejo coisas em comum, ademais da língua. A música com certeza, principalmente com a música nordestina brasileira… A poesia galega, pelo pouco que conheço, tem um toque nostágico, que se asemelha mais ao sentimento do sul do Brasil (onde pode chegar a ser mais frio). E ainda sendo uma região fria, guarda um povo muito acolhedor, agradável e verdadeiro. Que eu posso dizer mais? Se não fosse pelo frio, seria perfeito!
– PC: Que músicas/músicos reivindicarias por não serem suficientemente conhecidos (ainda)?
– Paulo Silva: Aqui na Galiza, em todo este tempo que levo, tive o enorme prazer de acompanhar muita gente boa, conhecidos e não tão conhecidos. Mas sem dúvida nenhuma, o que mais me chega ao coração e alma é o meu amigo Narf (Fran Pérez). Pela sua lírica, pela sua visceralidade e sutileza ao mesmo tempo, também pelo bom gosto e da maneira que canta a fusão de estilos e raças. Ele, na minha opinião, sintetiza tudo que há de melhor na Galiza, desde uma visão contemporânea vestida de roupas antigas….
– PC: Como entendes o processo de criação musical?
– Paulo Silva: Entendo como muito natural. Tem que ser o resultado de tudo o que ouvimos, lemos, vemos, aprendemos uns com os outros e que aprendemos da vida… A verdadeira arte é aquela que vêm de dentro de um, sem querer forjar nada para parecer o que não é.
– PC: Que projetos tens e quais desejarias poder desenvolver?
– Paulo Silva: Tenho de muitos projetos com artistas daqui e de outros países. Mas o projeto que me chama cada vez mais, é poder realizar as minhas composições próprias, gravá-las e pôr em andamento para shows e o que apareça!
Basicamente, me centrarei em fusões de estilos e com certeza Brasil e Galiza estarão presentes entre muitos outros…
– PC: Que opinas de Palavra Comum? Que gostarias de ver também nesta revista?
– Paulo Silva: Palavra Comum me parece uma iniciativa muito interessante e parece ter um conteúdo sério e de muito boa qualidade, com as portas abertas à arte, coisa que sempre se agradece, ainda mais nos dias de hoje, onde o nosso ofício é cada vez mais marginalizado.
Gostaria de ver também, se fosse possível, um apartado dedicado só a música. Algo que refletisse trabalhos antigos e novos relacionados com a lusofonia, que é a ponte que nos une, não é mesmo?!
CIDADÃO DO MUNDO. COM SÉRGIO TANNUS TRIO, RIBADEU, OUTUBRO DE 2013
CANÇÃO DO MAR. COM DULCE PONTES, BUCAREST, FEVEREIRO DE 2014.
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