O passado dia 7 de julho dávamos a notícia do falecimento de Maria Sofia Monteiro Veiga Leitão. Hoje transcende, tristemente, a do seu filho Veiga Luís, heterónimo de Luís António Monteiro Veiga Leitão, filho do poeta Luís Veiga Leitão. Estamos a falar do homem comprometido com a luta existencial e em defensa dos desfavorecidos, do excelso artista: arquiteto, pintor, ceramista, escultor, medalhista e poeta. O grande amigo da Galiza à que tantas vezes acompanhou a seus pais a eventos importantes. Como na homenagem ao trovador Xohán de Requeixo, no monte Faro (Chantada). Ele teve um protagonismo muito importante e decisivo no desenho da medalha comemorativa, no desenho do “Cancioneiro de Xohán de Requeixo” e do libro de homenagem a este trovador.
Veiga Luís foi sempre uma pessoa virada e bem-disposta a fornecer coisas óptimas que engrandecem um mundo novo e sem opressão. Sim! Portugal perde a um grande artista, bom e generoso, e com dignidade. No espaço criativo, também foi capaz de ser um dos grandes da medalhística e de entender a arte não para decorar e divertimento de ociosos mas para abrir a mente dos oprimidos e para corrigir as desigualdades. A sua criação artística, tão legível e com várias leituras e extensas metáforas contra os poderosos que oprimem e desgovernam este mundo.
Veiga Luís, como seus pais e sua família, foi uma pessoa lacerada, desde muito jovem, pelo fascismo de Salazar, tiveram que fugir para o Brasil e regressar a Portugal, depois do 25 de Abril. Ele foi um pensador essencial de esquerdas que desaparece fisicamente, mas o seu legado e o seu espírito combativo continuarão dando resplendores de plenitude. Um amigo verdadeiro e caudaloso que não vá para a outra margem da vida mesmo. Luís António Monteiro Veiga Letão fica na memória dos que o reconhecemos e admiramos com gratidão. Obrigado pelo teu exemplo humano e criativo. Até sempre, companheiro.
*
VEIGA LUÍS
Ode breve a Xohán de Requeixo
Do amor
aaaaaaaaaa alheio
aaaaaaaaaaaaaaaaaa ao íntimo.
Do amor
aaaaaaaaaa sereno
aaaaaaaaaaaaaaaaaa ao sofrido.
Do trovador
aaaaaaaaaa amado
aaaaaaaaaaaaaaaaaa ou desamado
aaaaaaaaaa profano
aaaaaaaaaaaaaaaaaa ou até divino.
Do trovador
aaaaaaaaaa ao seu mito
aaaaaaaaaaaaaaaaaa aclamado
aaaaaaaaaa séculos…
aaaaaaaaaa Séculos
aaaaaaaaaaaaaaaaaa onde sua imagem
se inova
aaaaaaaaaa e sua escrita
aaaaaaaaaaaaaaaaaa se renova.
Um vazio ilude
aaaaaaaaaa tão cheio
dentro do alaúde.
Porto (Portugal) 2003
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