Tomar umha decisom nunca foi tam árduo para mim ainda sabendo que umha se passa a vida entre acertos e erros.
A teoria, bem dita introduçom da areia, de seguido fai vir a ditosa prática onde a teoria apuxa mas nom resolve.
Por onde começar e como trabalhar o cognitivo e a mobilidade com Lua?
Diz-se que tudo o que buscamos também nos procura a nós e se ficamos quietas encontramos que tudo vem espontaneamente. Pois implicou começar por umha mesma convertendo-me em aluna e professora, ao mesmo tempo, acompanhada da senhora dúvida e da senhora culpa, que batem as portas semanalmente.
Fomos deixando chegar a informaçom. Ouvimos falar de Foldra, do método Doman, do caso Osborne, da unidade de atençom precoce da Faculdade de Psicologia da Universidade de Santiago onde estudei, dumha osteopata para prematuros em Corunha, e dum centro cá e utro lá, dum exemplo dali e outro de acolá, umha mai amiga de alguém, dados e mais dados junto com dores de cabeça e sacro. Perturbaçom, impotência, confusom, vertigens, depressom, ansiedades, preocupaçom, distorsom.
Foi com Chus e Manuel, pais de Rui, o motor de Maria Fumaça, que depois de fazer há mais de 10 anos diferentes metodologias (necessárias todas) chegarom fazia um ano a Feldenkrais (ABM) e continuarom, pois o Rui gostou e sente-se bem nessas liçons de movimento. É dizer, o menino disse o caminho e os pais souberom escutá-lo.
Eles passarom-nos o livro Crianças para além das fronteiras, de Anat Baniel, para despertar o cérebro e transformar a vida dumha criança com necessidades especiais em crianças com autismo, Asperger, dano cerebral, déficit de atençom, hiperatividade, casos de atrasos de desenvolvimento sem diagnóstico.
Lim-no, ainda o releio e entro num mundo nom de todo desconhecido pola sua forma holística de olhar para os indivíduos, porque nele lembro as sessons de Morfoanalitica destes 5 anos atrás, sessons que me ajudarom grandemente a seguir colocando um pé na frente de outro sem cair, digo isso porque houve época em que caía. Lembrei com este livro aquilo que dizia Pinkola sobre viver da alma e nom do ego. Isso consistia basicamente numa mudança de chip: ter a capacidade e tar disposta a aprender sempre novas maneiras, ter a tenacidade para percorrer estradas com dificuldades e escuras, ter a paciência para amar profundamente amplo tempo.
Centrar-me nisso e na gente que tá ajudando-nos é prioritário para desbotar o ruído que me chega. Tivem que ouvir: “vaia (e o que me espera) carga ter umha filha assim!”, “fosse melhor que morresse!”, “pobrinha!”. E se tenho que escuitar todo isso por algo bom será, assim também podo contar-vo-lo para que se saiba qual é a sociedade tradicional galega na que fica a reminiscência de ter as crianças com problemas neurológicos acavicornadas na corte dos cochos. Eu tento nom concentrar-me em todo o tóxico da sociedade, na sociedade do aborrecimento, o que leva à boca qualquer coisa, nem na sociedade do que tem morte resolvida, na enferma sociedade cheia de desequilíbrios emocionais, de soberba com mil caretas, de manipulaçom que tem outras tantas, da prepotência e necessidade de palco com aplausos e reconhecimentos nom solucionados, na crueza de tacto, na escuridade, na repetiçom mecânica de parámetros e esquemas velhos, no esquecimento do lento, do medo da absoluta improvisaçom, às mudanças e variaçons, confirma-se-me o revolucionário que é a alegria sem grinaldas, ou castraçom que pode levar implícita a tríade objectivos-planos-sucessos-. Eu tento, nom prometo. Eu tento nom tar aí. Este livro serve-me para cada instante comigo mesma, com quem me enfado também muitissimo por -nomsaberfazer- mas a partir do microscópico. Sim, o saber tá ocupando muito lugar.
Com Anat e as conversas nocturnas na galeria da casinha de Santiago com vista para toda a cidade vivemos horas de excelências didácticas e reparadoras para integrar e assimilar a chegada deste novo planeta que removia tudo. Os livros que estávamos lendo, as peças que iam caindo, as observaçons faladas e analíticas derom passo à fala do corpo em movimento. O corpo cheio de mistérios e maravilhas por conhecer.
Comecei e nestas estou, observando-me. Como é que eu levanto da cama, como pouso no chao, como me movo para procurar comida, como me movo para fazê-la, comê-la, como me movo nas pequenas coissas cotidianas. Antes tinha-me auto-observado com o outro-outro, na frente de, com alguém, com o espelho, para a cena. Assim indo pouco a pouco até mim. Comecei a sentir os diferentes tactos e o seu efeito. Comecei a calar. Comecei a contemplar a dinâmica básica de dar e receber o que seja: peso, dinheiro, comida, abraços, olhares. Abria-se-me um caminho de consciência interior de 360 graus necessário para quem quiser tar ao lado de Lua. Entrar no seu planeta e, já veremos como fazemos chegá-la a este, disse-me umha vez Juan Carlos Concha, praticante.
Entom, comecei a observar em qual grau de concentraçom, atençom e subtileza os profissionais de saúde oficial tocavam a Lua, ou qualquer um que tiver acesso a ela.
Por que alguns chamados terapeutas querem tar sós com a criança sem os pais, justificando que aprendem melhor sem nós? Umha nena dum ano e três meses? Algo a esconder, a preservar, dependência do terapeuta ademais do sangue? Qual é consciência real do estado presente dum fisioterapeuta de atençom precoce para esta menina que se deixa manipular na bola ou na mesa porque a música a acola? Por que se repetem sempre os mesmos exercícios como robôs programados? Por que o fisioterapeuta abre com força e insistência os dedos de mãos e pés dizendo umha e outra vez com timbre de voz monótono: tranquila!, enquanto Lua grita? Por que protestar na metalinguagem do profissional é negativo? Tem muito génio, é muito protestona. É melhor nom ter carácter nem génio, é melhor nom protestar? Por que quando estou com ela de mau humor ou fora do meu eixo a menina se incomoda comigo? Por que as vezes que nom a compreendo se enfada?
Este livro de Anat fez com que nos decidísemos pola sessom de neuro-movimento cranial com Juan C. Concha para Lu desde que tinha 4 meses de vida corrigida. Desde entom os dous lá continuam experimentando nos movimentos, aprendendo e desfrutando. Principalmente gostam-se e entendem-se, até que se deixe entender (ou nom). Acho que nom podo pedir a alguém o que eu nom podo dar, entom, em breve, estarei na minha primeira liçom de neuro-movimento individual acompanhada de outra gente que também decide ajudar-se a si mesma para depois ajudar os outros.
Aqui vos deixamos uma possibilidade de catarse (catar a si) nas sessons que estamos a organizar na Ilha de Arousa e abertos pola primeira vez a quem quiser, com a colaboraçom da Concelharia de Assuntos Sociais no local colectivo: Sesións intensivas de neuro-movimento cranial. Deixamos-vos também musiquinha:
– La Barrosa e el Palenque de Paco de Lucia, com quem atravessamos Bretagne em carro sem que Lua berrasse, e agora apoia os movimentos de arrasto que parecem mais atrevidos, cheios de energia e com aumento de ritmo na frente da música do Filho de Luzia.
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