Nacho Muñoz nasceu em Vigo, 1969. É compositor, artista sonoro, pianista e músico eletrónico que vive actualmente na cidade do Porto. A sua natureza multifacetada levou-o a colaborar com diversos artistas como Mercedes Peónm, Uxía Senlle, Ecléctica Ensemble, Lawrence Casserley ou Roi Fernández formando ainda parte de colectivos artísticos como Alg-a, Orquesta O.M.E.G.A e a inefável banda de rock galego IGMIG. Compositor da Opera Forte Fonética, o seu alter ego Madamme Cell tem publicado trabalhos de música electrónica em numerosos selos internacionais, apresentando-se em palcos da Europa, África e América Latina.
Outro dos seus projectos é o processo de investigação artística que desenvolve em diferentes cidades de Europa, Parkour Sonoro, uma espécie de atlas sonoro da imaginação e do corpo, uma relação constante e intensa entre experiência e linguagem que atravessa este mundo frenético que a modernidade nos legou. Nacho, como um explorador urbano, um flâneur, reaprende e investiga formas de experimentação das sensações e dos sentidos, recria o mundo num caleidoscópio dotado de consciência onde cada um dos seus movimentos reproduz a multiplicidade da vida. Ele é o poeta, o músico, o sonhador, que ama demasiado a vida e que a exprime com toda a singularidade e poder criativo. Nessa permanentemente dança joga-se o som, a imagem e o sentido num exercício de devolução da verdade que nos faz reconsiderar a nossa posição no mundo, na cidade e até quem sabe no nosso corpo.
Como um transumante do território interior e exterior das coisas, o criador, lança-nos questões sociológicas, antropológicas e históricas entre o indivíduo e o meio a que ele pertence, exige de nós que reconsideremos a linearidade e a irreversibilidade do espaço mas também do tempo, esse tempo festivo, enquanto tempo superior no qual o habitual é superado – detendo-o. A obra de arte que também se desvela como um monumento de uma celebração e que suprime expressamente a noção de um objectivo em direcção ao qual nos dirigimos, no fundo o tempo que vigora e vincula a eternidade.
E é reutilizando esses materiais aparentemente domesticados e obsoletos do quotidiano que ele opera nessa cidade impregnada de forças dinâmicas, modelando, transformando e metamorfoseando dando um novo sentido ao nosso imaginário, a essa humanidade demiúrgica confinada aos limites de um real imposto mas também imaginado.
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