Fotografia de Nuno Mangas-Viegas
os ciclos parecem sempre quadrados quando acabam
e os conceitos que restam parecerão preconceitos
há coisas que mudam nas estradas que ouvimos repletas
há pedras que saltam dos olhos que escutamos de perto…
pudesse a ternura ser a circunstância de sempre
sempre protegida das alterações químicas do ser
e o teu olho seria a liberdade da jaula
o grito da alma, a força de dentro expelida,
uma força primordial incapaz de se absorver na pele
das mulheres e dos homens
e se o agrilhoamento persiste
é dos mesmos homens e das mesmas mulheres
nunca desse olho, nunca de ti,
porque em ti habita um núcleo cósmico
que aos homens e mulheres escapa
vai escapando, tem vindo a escapar
a cada ciclo, a cada dia, a cada morte
a cada trago
por forma do arame farpado
rasgam-se as consciências
pelos olhos
You might also like
More from Fotografia
Manuel Outumuro: Lembranzas de infancia e profesionalidade | Lito Caramés
Outumuro, O Retrato da Ausencia As imaxes que na infancia se gravan nos miolos sobreviven lúcidas perante décadas. Nas salas da …
Paz Errázuriz, o reverso da realidade chilena | Lito Caramés
A fotógrafa Paz Errázuriz retratou as faces antiestéticas, incómodas da ditadura de Pinochet. E segue na mesma liña.