O artista não é um criador é antes um descobridor de essências. E nesta operação ele combate com a mesma técnica dos deuses: a explosão. A arte assusta demasiado como uma bola pequena de berlinde a rolar num espaço vasto. O artista não pode ser criador, para que fosse era necessário um inferno e um paraíso simultâneo sem qualquer espécie de divisão entre ambos. Nem eu compreendo bem esta metafísica. A criação: a dita e chamada “artifício humano” é a descoberta. Esta como não se ensina por depender exclusivamente dos olhos, teremos que pedir um corpo “são” e sem ouvidos. Ora, o homem foi feito à semelhança de um Ser, como não pode ser ele um pequeno deus? Um criador? Uma grande criatura fez chover e a pequena criatura fez da chuva um alimento. Excepcional a operação da descoberta se calhar mais cansativa que a da “criação”. Cavar fatiga. Ter a cova cobre de onde vem a matéria para a sua fazedura. Criar é recriar: DEScobrir. A descoberta é um encontro entre duas criaturas selvagens: uma em delírio e outra em combustão.
You might also like
More from Hirondina Joshua
Craveirinha: o poeta que gostava de música
Craveirinha: o poeta que gostava de música: Crítica literária e diálogo poético sobre a obra de José Craveirinha, por Hirondina …
Chá para o nevoeiro ou O CALOR DEPOIS DO GELO
Chá para o nevoeiro ou O CALOR DEPOIS DO GELO: Diálogo sobre o livro de José Pinto (Editora Urutau, 2021), …