Dedicado aos membros dos Clubes de Leitura de Arteijo, Carral, Culheredo (de Literatura Galega) e Carvalho (da Biblioteca Rego da Balsa), que tão bons momentos me fazem passar à volta do lume inteligente dos livros
O livro é, antes de mais, um continente. Se calhar o mais grande continente do planeta, e não só porque desde que nasceu não deixa de medrar para que tudo possa nele caber, mas porque ainda ressalta no livro por sobre todas as cousas o que não pode ser lido, o que não foi explícito, o que se sobreentende: a vontade de partilhar o conhecimento.
Eu não vou falar no explícito, para isso temos especialistas em Biblioteconomia. Só quero propor-vos pôr em foco que o livro foi criado com o propósito de compartilhar. É sempre um acto individual e criativo, mas não deixa de ser antes pura generosidade, a manifestação de um desejo de entregar aos mais algo que reconhecemos como útil para a vida, uma ferramenta com a que podermos viver melhor.
O nosso prezado amigo Xavier Alcalá sempre diz que os autores têm tanta vaidade quanto gordura tem o queixo. E nós percebemos bem o que quer dizer: é preciso ser um autêntico exibicionista para passar a vida a escrever sobre o próprio. Porque a escritora, até a de mais fantasia, no fundo sempre escreve sobre o que a faz vibrar, o que a apaixona, o que povoa o seu coração, e isso sempre tem a ver com o que experimentou profundamente.
Implica esta declaração do nosso autor uma desculpa perante o seu protagonismo como divo das letras no dia em que, por exemplo, apresenta um novo livro. A modéstia obriga a aqueles espíritos sensatos quando os focos se dirigem exclusivamente à sua figura, e o verdadeiro criador, assim como o verdadeiro científico, os dous autênticos amantes do conhecimento, sabem que o realmente importante é o que se está a transmitir, e que compartilhar esse saber é o objectivo primeiro e último.
Esta é a nossa mensagem de hoje: há gente cujo propósito na vida é a transmissão do conhecimento. E em volta do livro como facto há muitas pessoas que colaboram em favor desse propósito: as que investigam, as que criam, as que filosofam, as que corrigem textos, as que editam, as que imprimem, as que divulgam, as que vendem, as que catalogam e põem a disposição do público, as que desenham e as que executam políticas que tornam possível, com sua vontade e os recursos disponíveis, uma biblioteca para que as utentes, por motivos altruístas, pessoais, emocionais ou terapêuticos, possam se servir dela. A todas estas pessoas, celebrando o Dia Internacional do Livro, é que devemos o nosso agradecimento.
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Notas: Lido no Dia Internacional do Livro de 2019 com motivo da celebração do XXXº aniversário da Biblioteca de Arteijo [Galiza – Espanha]. Foto do autor.
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