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O’HARIANA
tomar uma Coca-Cola® sem você não é nem de longe a mesma coisa
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PNEUMATOLOGIA
rir é respirar
de um jeito diferente
o ar entra e sai
de outra forma da gente
inspiração expiração
mudam na mesma hora
respirar também muda
quando a gente chora
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IMAGO DEI
Eu vejo a Imago Dei na face do mendigo
Cuja pobreza apenas suja sua beleza
Eu vejo a Imago Dei na face do inimigo
Sua inimizade não é a sua natureza
Eu vejo a Imago Dei na face do bandido
Sua pena apenas pune a sua dignidade
Eu vejo a Imago Dei na face do vencido
Sua derrota não o derrota de verdade
Eu vejo a Imago Dei nas faces machucadas
Nas faces escarradas, faces rejeitadas
Nas faces descompostas, faces escondidas
Eu vejo a Imago Dei nas faces mais estranhas
Moldada não nas faces, mas em suas entranhas
Eu vejo a Imago Dei em suas faces perdidas
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Há pó sobre os meus livros
Os lidos e os não lidos
Há pó sobre a estante
E sobre a escrivaninha
Há pó sobre os móveis
Imóveis no escritório
E vê-se à contraluz
Que há pó até no ar
Passo o dedo na mesa
E desenho uma linha
Esse pó no meu dedo
É sua vida e é a minha
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kanjis e flores –
a moça tatuada
é um sumi-ê
de novo, a insônia –
e alguém trabalha com sono
lá no Japão
olha o passarinho –
a criança sai na foto
olhando para o alto
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Luiz Renato de Oliveira Périco (1983 – Jacarezinho / PR) vive em São Paulo / SP. Tem poemas publicados em antologias e em revistas literárias. Em livro, publicou Forma Amorfa (1ª edição: Viv Editora, 2021; 2ª edição [Kindle] do autor, 2022), e kairós (Patuá, 2023), do qual fazem parte os poemas publicados. Cf. LinkTree.
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