Sofria de acrofobia
Apanhara o dia do primeiro encontro
sobre o abismo que unia as duas montanhas.
Ninguém criara ainda as pontes novas.
Persistia a distância entre as estrelas
e o silêncio emergia desde a entranha
colmada de versículos vazios.
Ascendeu lentamente as escadas de corda,
hoje uma, amanhã outra,
para vencer o medo côncavo do ventre,
enquanto escutava, You’ll never walk alone,
e adivinhava que também Nina Simone
teve cravada uma espinha na gorja.
*
Foto: “O mistério imenso” (Arteijo, 2016), por Alfredo Ferreiro.
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