DESLIZE (pt) e XALUNDES (gz)
Breve introdução – DESLIZE
Deslize é um duo de música experimental, que parte da exploração de dois instrumentos comuns (a guitarra clássica e a guitarra de cordas de aço) modificados com “jacarés” (pequenas peças, ou molas “dentadas”, usadas normalmente em electrónica). É constituído por João Mendes de Sousa (a-nimal, O Poema (A)Corda e Cicuta) e por Hélder José, ambos membros do colectivo artístico A Besta. A Besta funciona como ponto de encontro de projectos, pessoas e ideias artísticas, mas também como uma editora independente, marginal até, usada como plataforma comum para as edições em cd e k7 desses vários projectos.
A ideia da modificação da guitarra surgiu de um encontro entre João Sousa e Hugo Ribeiro (na altura num concerto de free jazz com Paulo Alexandre Jorge, em Alcântara, Lisboa). Nos fins de 2013, e após alguns testes, João partilhou a ideia com Hélder. Num dia apenas gravaram uma sessão improvisada, na qual ambos usaram diferentes peças para modificar os pontos de vibração das cordas da guitarra. Deslize nasceu livre, um projecto com vontade própria, em noites de vinho e exploração. Nessa mesma altura uma primeira maquete, resultando dessa gravação.
Em 12 de Abril de 2014 estreiam-se numa noite d’A Besta, na sua “sede”, na Estudantina Recreativa de São Domingos de Rana (uma associação local, colectiva, perto de Carcavelos, nos arredores do munícipio de Cascais). Desde esse momento novos elementos foram adicionados à performance: dispositivos de circuitos modelados (construídos pelo Hélder), pedais de efeitos ligados à guitarra de cordas de aço (também construídos pelo Hélder), faixas pré-gravadas de poesia ou sintetização livre lançadas através de um computador (João Sousa), projecção de vídeos em preto e branco e até mesmo leitura de poesia por diferentes membros do colectivo A Besta, durante os concertos. Em Lisboa tocaram pelo Bartô do Chapitô. Tocaram em Montemor-o-Novo, na Parede, em Algés, etc.
Em 2015 materializa-se a ideia de se juntar “virtualmente” a um outro colectivo artístico. Por vários pontos de contacto (nomeadamente a Palavra Comum), e também graças à ponte traçada por Alberto Pombo, foi com o Grupo Surrealista Galego (Xalundes) que se decidiu criar o álbum “Tartaruga”.
A Tartaruga – álbum de cooperação – animal de resistência
Ser milenar, um animal que resiste às irracionalidades humanas, um ser que com lentos passos funda universos, um ser que se protege numa carapaça dura, mas que é orgânico. Um ser puro preso num mundo adulterado.
Com poesia de vários membros do Xalundes (Ramiro Torres, Alfredo Ferreiro), propôs-se que gravassem esses mesmos poemas (Ramiro Torres, Alfredo Ferreiro e François Davo) para serem misturados com temas de Deslize. Rapidamente o conceito cresceu, juntou-se o trabalho fotográfico de todos as pessoas envolvidas na “Tartaruga”, assim como a participação dinâmica de Nuno Mangas-Viegas (O Poema (A)Corda , assim como editor do colectivo A Besta).
Poemas gravados na Galiza (e em Tavira, Algarve), guitarras portuguesas gravadas em Montemor-o-Novo, misturas e samplagem em Carcavelos. Facilmente se juntou tudo num álbum de 8 temas, onde a industrialização do som se mistura com o acústico, mas onde a lentidão e a calma é certamente um fio condutor.
Lançamos o álbum em 2016, em edição d’A Besta com booklet e caixa de cartão. Até lá vamos lançando temas em “progresso” no soundcloud d’A Besta. Hoje deixamos “De Onde Nasceste”, poema de Nuno Mangas-Viegas lido pela quase totalidade da equipa do “Tartaruga”.
João Sousa e Nuno Mangas-Viegas
NOTA: a foto de Tartaruga é de João Sousa. A segunda foto é de François Davo.
You might also like
More from João Sousa
Regresso à Mãe & Casa Libertante | João Sousa
Regresso à Mãe & Casa Libertante: "Regresso à Mãe" é um tema de Celebração, dos ciclos de renascimento da Mãe …
O meu peito | João Sousa
"O meu peito": poema e foto do autor acompanhados da peça musical "Anahata" (Chá da Barra, Oeiras @ 29DEZ'18), dele …