Comentava há um ano que “seremos o que sonhamos ser, e para isso é que botamos a andar, convencidos da precisa oportunidade deste caminho, fundado na múltipla incandescência que a língua prendeu no mundo, sem perder nunca a atenção ao que medra desde as raízes até nós.” O caminho até hoje foi crescendo, com trabalho constante para procurar a criatividade que intuíamos estava aí, por toda a parte. E, felizmente, aí a temos, bem-vinda a esta casa comum que queremos seja também sua, vossa, para ir encontrando as raízes, as subterrâneas e as aéreas, as que aprofundam no ser e as que atravessam a humanidade e todo o existente, convencidos de ser esse o nosso sonho e o nosso dever neste momento.
Gosto de ver esta revista como um espaço em permanente hibridação -temática, criativa, (e)vidente e necessária, com toda a força e liberdade que aprendemos a reconhecer em cada um/a de nós-, que trata de tender pontes entre arte(s) e vida(s). Sem dúvida, é um honor que aqui tenham vontade de participar tantas pessoas como as que tornaram possível a sua existência, abrindo o coração, falando alto e claro, tecendo uma rede de afectos, sabedoria e uma imensa força criativa que devolve a esperança na maior fortuna que podemos desejar, a que está inscrita no nosso ser, intensificada por este intercâmbio luminoso e fértil que já é Palavra Comum. E o caminho continua, agrandando-se a cada passo, querendo sempre aprender de todas e todos vós. Seguimos!
Ramiro Torres
Um ano passou e devemos fazer balanço: 408 artigos e 84 comentários publicados, 131 colaboradores de 11 países (Galiza, Portugal, Brasil, Espanha, Catalunha, Argentina, Moçambique, Angola, Alemanha, Áustria e Bélgica), 22 temas, 68.022 visitantes únicos (94% guardam-nos em Favoritos), 1.232.682 visitas, 2.498.217 hits, mais de 100 livros e eventos publicitados… São dados que provêm essencialmente da alta qualidade das nossas colaborações, mas também também da fórmula que nasceu duma nossa certeza: uma mudança positiva está a acontecer no mundo, e em Palavra comum queremos contribuir para essa necessária transformação. Numa época em que as periferias cobram relevância, até porque uma útil horizontalidade está a trespassar os meios de comunicação devido ao esforço de inúmeros cidadãos, porque não oferecermos ao mundo a nossa irmandade e a nossa criatividade?
Muitos dirão que publicar uma revista internacional num recantinho europeu como a Galiza é uma pretensão desassisada. Mas nós, valorizando a nossa tradição e lembrando a vontade europeísta dos galeguistas do século XX, ainda observamos que a modernidade que nos afeta nos obriga a deixar de sentir-nos periferia duma hispanidade pacata e tantas vezes opressora ou assassina da diversidade, máxime quando na realidade somos a matriz histórica da lusofonia.
Há tempo que somos conscientes de que são necessários projetos como este, em que não se ressaltam os conflitos senão a vontade certa de acrescentarmos as conexões de espíritos que gozam na liberdade do pensar e o sentir, num espaço comum em que as fronteiras são abolidas e a comunicação, especialmente a polissémica comunicação artística, flui de coração a coração sem obstáculos materiais próprios doutro tempo.
Assumimos, também, que este jeito de publicar é um primeiro passo, e que devemos estar alerta para novas necessidades formais. Porque a porta que estamos a abrir, se necessária para nós, será derrubada em breve por outros espíritos mais libertários que os nossos.
Alfredo Ferreiro
O amigo poeta marinheiro Xosé Iglesias ensinou-nos hoje uma palavra comum e própria: croa, que vem ser uma orgia de sentolas, como definiu certeiramente a amiga Mercedes Leobalde, para corroborar que percebera —não percebeira— o conceito.
Como me dixo o Alfredo também esta manhã, Palavra comum é sentola para o espírito, uma croa artística, unha orgia intelectual que tem lugar cada terça desde há um ano e enquanto sigamos a fazê-la realidade semana a semana entre todas, a gente que escreve, a gente que lê, a gente que propõe e a gente que difunde, valora e critica.
Desde Palavra comum, sentolas para o espírito. Medre o mar!
Táti Mancebo
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