No dia 25 de novembro de 2019, a UNESCO instituiu o Dia Mundial da Língua Portuguesa, cuja comemoração teve lugar a 5 de maio de 2020.
Com cerca de 270 milhões de falantes, a Língua Portuguesa é hoje das mais representativas no mundo, destacando-se o facto de ser a quinta mais utilizada no espaço digital e de ser estudada em muitas universidades e escolas fora do espaço lusófono.
A nossa língua, que partiu nos mastros das caravelas, que deram a conhecer novos mundos foi ficando e enraizou-se nas comunidades locais dando vida a um espaço de convergência histórica e de afetos.
É fundamental que a LP se assuma como uma língua de ciência, de referência ao nível das novas tecnologias, da diplomacia e da política internacional e dos negócios, de modo a valorizar todos os países que a falam com a sonoridade relativa à idiossincrasia dos diferentes espaços geográficos.
Os alicerces da LP não assentam apenas nos falantes, em número crescente, mas também nos espaços de comunicação e aprendizagem como as escolas dos mais variados graus, na imprensa falada e escrita, na TV, no cinema e, de um modo particular, na Literatura.
Foi e é a Literatura, enquanto veículo de comunicação, análise social, criação e recriação do pensamento e de experiências, o seu maior esteio. Cabe-lhe ainda a missão de divulgar e ser registo da cultura e da memória assumindo-se como coluna vertebral da LP, de modo a manter o seu equilíbrio orgânico.
Numa entrevista publicada no passado dia 22 de abril no JL, Sampaio da Nóvoa, especialista em educação e, atual embaixador de Portugal na UNESCO, fez referência à sua formula EC ao cubo. Defende o ilustre professor o significado desta quadratura mágica da seguinte forma:
E de Ensino; C de Cultura e Criação, de Ciência e de Conhecimento. Acrescentaria, modestamente mais um C de Cooperação no espaço lusófono entre os diferentes países que integram a CPLP.
No futuro, serão os países que assumam estas prioridades aqueles que melhor caminho encontrarão.
Na sociedade do conhecimento em que a informação circula a uma velocidade cósmica, serão os países com melhores escolas, centros de conhecimento, de investigação e de ciência, que disponibilizem maiores apoios e recursos para a formação profissional e universitária e a cultura quem levarão vantagem.
Quanto mais preparada estiver a população em geral e, a juventude de modo particular, mais promissor será o futuro, mais sólidas serão as bases da democracia e mais apoios será possível disponibilizar aos cidadãos.
O grande desafio será integrar, responsabilizar, cooperar, valorizar o esforço e o mérito em vez de excluir e segregar.
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Ernesto Salgado Areias é advogado e escritor
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