“Nem chegam nem vão, só cavalgam o Caminho.
São Ursúas, peregrinos à deriva.”
Ursúas é a primeira longametragem do cineasta e artista multifacetado corunhês, Roi Fernández. Depois de se iniciar no mundo do cinema com o inefável “Cualquier infinito posible”, protagonizado por Celso Bogallo e que arrecadou vários prémios como o Jury’s Award do CityVisions New York (USA), Melhor Curta do Festival de Cans e o Prémio à Excelência Cinematográfica do Festival Internacional de Tessalónica (Grécia); Roi volta agora com o filme Ursúas, no qual realiza uma leitura atípica do Caminho de Santiago – um filme feito de filmes, segundo o próprio define, uma conglomeração transmedia de estilos e formatos, com elementos de ficção, documentário e artes plásticas, que vão muito além da categorização de um clássico road-movie. De forma transversal, o filme integra uma visão de inserção social apresentando a vida marginal de homens e mulheres reais, peregrinos que em algum momento e por alguma razão ou sem ela, abandonaram a sociedade e perpetuaram a deriva como forma de vida: Ursúas
Um anti-distúrbios de origem galega e uma imigrante peruana sem papéis iniciam uma viagem iniciática desde a Alemanha até Finisterra. Um camionista leva a sua sobrinha actriz da Galiza a Itália para comprar uma parcela de Sol. Vários homens e mulheres vivem de maneira alternativa, afastados da sociedade: um acampamento em Santiago de Compostela, um autocarro avariado, uma casa reconstruída na montanha…
A equipa de rodagem percorre as autoestradas europeias filmando um camionista galego na sua rota desde a Galiza até Itália num Caminho de Santiago invertido; actores empenhados em reproduzir através de tableaux humanos, com a ajuda de peregrinos ao longo do caminho europeu, o quadro “O triunfo da morte“, do pintor flamenco Pieter Brueguel, O Velho; e, conduzindo a narrativa, um cronista que a modo de DJ ficcional, mistura e compara estas histórias com a narrada na “Crónica da expedição de Pedro de Ursúa”, que conta a viagem alucinada comandada pelo conquistador Pedro de Ursúa, em 1560, junto à sua amada mestiça Inés de Atienza na procura da cidade mítica de El Dorado, no que acabaram vagueando à deriva sem más ambição que a selva, a violência e os seus corpos num completo presente contínuo, esquecendo que “toda a ambição de conquista”. Algo inaceitável para o mundo do sentido e do juízo.
Obra em processo de produção.
Director:
Roi Fernández (A Coruña, 1979) percorre formas híbridas de narração audiovisual e escénica desde 2001, passando pelos campos do cinema, videocriação, Live Cinema, performance e artes plásticas. Licenciado en Belas Artes, máster em Direcção Cinematográfica pela City College of New York (bolseiro da Fundación Barrie de la Maza), e máster em Sistemas Interactivos pela MECAD/ESDI Ramón Llull de Barcelona. Dirigiu “Cualquier infinito posible” (2013), Zugunruhe (2016), Sonic Parkour (2016), Mecanismo de Emergência (2016), Balor (2015), Abstracto de Máquina (2014), A house full of thorns (2011), Remy (2010), Lady Laura (2010), entre outros.
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