Este videopoema foi realizado para a apresentaçom do livro de Teresa Moure Uma Mãe tão Punk, que decorreu na livraria Ciranda (Compostela) no dia 20/05/2015.
No video recita-se um poema da autoria de Igor Lugris que leva o mesmo título que o romance da autora, e um pequeno texto da sua obra (os dous aparecem mais abaixo). A música é de Eric Dolphy: Out of lunch, 1964
O video foi rodado em Ponferrada (O Bierzo) entre os dias 17 e 18 de Maio. Agradeço a Teresa Moure que me convidasse a participar nesse ato e me permitisse utilizar a sua obra para este video.
TEXTOS
Uma Mãe tão Punk
Recolhendo
e reutilizando
todo o lixo
que deitamos fora das nossas vidas
para nom vê-lo mais
e lembrar-nos
assim
que nom era entulho
desperdício detrito porcaria
resíduos
mas parte da própria vida
Como umha anti-sistema
que escreve versos
como quem lança coquetéis
molotov
contra umha oficina dum banco
contra um carro da polícia
contra um centro de arte contemporânea
Como quem escreve romances
para nom fazer parte
da ordem estabelecida
para desrespeitar a moral e os bons
costumes
pequenoburgueses
para fugir da gramática do
capitalismo
Igor Lugris
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“O meu olho distingue emigrantes de colonos, como distingue empresários de trabalhadores; ainda que essas diferenças se considerem anacrónicas num mundo onde todos parecem contentes de trabalhar e onde a figura do chefe está diluída. Finalmente, trabalhando para uma multinacional, a mais-valia não se percebe da mesma maneira que numa fábrica do século XIX. Antes de mais, os trabalhadores não pensam que o chefe estreia carro ou vai de férias sobre o seu sangue porque não há chefe, mas um especialista em pessoal, tão explorado como todos os outros. O chefe, o autêntico, é uma corporação, algo abstrato, que nunca veem”.
Uma mãe tão punk, Teresa Moure Pereiro (Chiado Editora, Lisboa, 2014).
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