Viajou sempre entre nós o riso agudo dos cínicos
Armando Silva Carvalho
Viajou sempre connosco aquilo que intumesce a alma
e faz saltitar o amor sobre uma prancha de zinco
incontestável. São os agoiros que há tempo enclausuraram
na face do mundo a alegria,
as sombras que apagaram as flores no jardim da vida.
Hoje voltam a alumiar o velho poço do medo
em que crescemos por gerações
como alimárias, privados dos aromas do pensamento.
Voltam os tempos em que o ar foi um sonho azul,
uma ventura abstracta,
um espaço prometido para o amor
explodir, uma ficção necessária.
Hoje volta o ar opaco e castigador do poço,
o ar consumido, irrequieto, inimigo
de um desejo básico, humano e santo,
aquele que gostam de apanhar
crianças a dançar entre borboletas.
Hoje o vinho não faz espuma
nos cálices do amor.
A. F.
En poucas ocasións como no 2 de marzo pasado sentín a necesidade de escribir un poema político. O tema proposto polo António José Queirós para o número era ‘azul’, palabra que debía aparecer nun poema inédito. Outros galegos que figuran no número son Iolanda Aldrei, Tati Mancebo e Xosé Lois García, xunto cun contributo angolano, tres brasileiros e cuarenta e tres portugueses.
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