Como exercícios e para divertir-nos os dous com a madrinha de Lua, a poeta Marina Oural Villapol (MOv) jogamos muito à improvisaçom vocal mentras íamos na furgoneta, mentras caminhávamos, em movimento antes da prenhez… Este jogo prontamente se converteu num meio de relaçom familiar com Lua: as polisonoridades (as crianças realizam todos os sons possíveis e tenhem todos os idiomas do mundo na boca até que esta atividade egocéntrica e universal começa a ser regida polo desejo de ser entendidos e é assim que “inocentemente” abandonamos o mundo do sentir para dar-lhe passo à traiçoeira razom).
Co tempo fomos sabendo da importáncia que tem a improvisaçom vocal na educaçom infantil. Aparecendo-nos informaçom em cada paso como a do pedagogo Edgar Willems (1889-1978), que basea o estudo da pessoa e da música nas mesmas leis e proporçons que regem a natureza. O ritmo (o corpo), a melodia (o espírito, as emoçons), harmonia (a mente), portanto para Willems o ritmo é vida, movimento “ordenado”. Ou os elementos essenciais de Anat Baniel ou os cinco ritmos de Gabrielle Roth que entroncam com a natureza do Ser-Estar.
Agora sabe-se, com a neurociência, que os dous hemisférios cerebrais se activam com acçons criativas e nom só o direito. Agora sabe-se (tava o demo cagando!) que existe uma relaçom directa entre criatividade e saúde mental ao constatar que existem semelhanças entre os níveis de receptores de dopamina no tálamo que se encarga de filtrar informaçom dos estímulos caminho ao córtex cerebral. E agora sabe-se também que existe relaçom direta entre criatividade e qualidade do sonho, pois é no sonho que o cérebro permanece activo resolvendo os problemas quotidianos num processo de reestruturaçom na lembrança das experiências vividas.
Isto é alimento de cada dia na casa de Lua, damos a nossa imaginaçom e criaçons para aumentar na medida em que podamos a nossa saúde, e portanto a dela, em cada situaçom: cada momento é bom para o JOGO. Assim imo-nos fazendo diariamente conscientes pouco a pouco do espaço-tempo-som e toque. Que se escuita, como, que luz há, que movimentos fazemos e por que, que energia, onde ponho o olho e a minha mao, qual é a intençom, como variar…. nunca tal grau de exigência e observaçom aplicável graças a ela, também fora da casa.
Através da voz entende os esquemas afectivos. A voz dá forma às emoçons através do som. Bem que sabemos disto no ofício de cantar desde o coraçom. Di Mari France Castarède que quando o coraçom sente tristeza o som que se emite é contraído e fraco. Quando o coraçom sente prazer o som é solto, alegre e flui mais livremente. Com a cólera o som é rudo e violento. Se o coraçom sente respeito o som é franco e firme. Se o coraçom sente amor o som é harmonioso e tenro. É, portanto, a respiraçom o pilar fundamental para que a voz seja testemunha das nossas mudanças mais íntimas e dos afectos sem palavras (mais com elas). Tremendo trio o alento, o pensamento, a palavra!
Lua tá salvada pola respiraçom, di MOv. É fam da sua forma de respirar. Lu com 900 gr. moveu o brazo até a boca lentissimamente, abriu a mao mais devagar ainda e sacou-se a si mesma o respirador com firmeza, em ato de rebeldia ou valentia, gostamos de imaginar. No hospital diziam que era normal nos prematuros, pois normal será entom que estes-as prematuros-as com ou sem PC (da que todos temos certo grau polo que se vai vendo) sejam os homes e mulheres que naturalmente se rebelem e dem a força para continuar esta bárbara aventura do VIVER numa sociedade onde cremos que o mais revolucionário é ir até a Saúde Integral.
Deixamos-vos uma improvisaçom de alta qualidade da que Lua desfruta atualmente. O Sr. Bobby McFerrin.
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