Soçobrou por engano o nosso amor
E hoje desconheço
a que distância fica o teu rosto.
Agora só te olho deste lado
onde o céu tem o tom frio
do metal
E não sei
Não sei mesmo
Quem
Poderá medir
A luz que me falha no sorriso
Para compor a ilusão
De um recomeço.
Deus, dirias tu, no teu jogo secreto de ironias__
Um Deus pode*.
Mas como erguer do sol*
Deste sol talvez menor
O acorde exacto de harmonia
Quando rastejo na sombra dos teus passos
A difícil penumbra de um abraço?
*
*Nota: verso de empréstimo de Rainer Maria Rilke
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Ana Margarida Borges tem sido distinguida em diferentes concursos e publicações várias, em colectivos quer de Portugal quer do Brasil (revistas e livros). Conta com um livro a solo, resultante de um primeiro prémio.
Fcb: Margaretta Gomes
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Fotografía: Alfredo Ferreiro Salgueiro (Arteijo, 2016)