Para A. Pedrosa, com Amor.
***
PEDRO CASTELEIRO
Nos portos
Alfonso Pedrosa
in memoriam
Para mim sempre foste um marinheiro antigo,
ancorado à tua cerveja sob o sol,
sempre encostado ao teu baixel de música.
E o mar ali já, como escreveu
Elias, na nossa chuvosa pronúncia
–enquanto tu escampavas.
Para mim nós fomos só um barco de amigos
com Carmen e Elena, e Concha e Manolo
com Júlia a sorrir marítima Gioconda
através do mar das nossas mãos e o nosso vinho.
E agora tu, sempre esplendente
nos adiantas, levando a cerveja e teu
barco de espuma para o mar.
E nós, amigos,
no porto fugaz da tua saudade,
soltando amarras.
***
***
ALFREDO FERREIRO
Para A. P, traficante de sonhos e tapetes
Ó amigo, lembro-me de ti
agora que morreste
e vejo que floresce
o tempo na tua mão,
e que vens para me fazer
saltar sob o passado
sobre o presente
e por entre os ramos
de um futuro em que os dous
juntaremos nossos corações
ambivalentes
no berço do que nos é comum
ontem, agora e sempre.
***
***
RAMIRO TORRES
Estoura nas mãos
um sol antiquíssimo
enquanto a realidade
vira espuma de sonho,
atraindo para si o vazio
desde a imensidade
que floresce em nós
com o teu nome tatuado:
habitas a névoa no trânsito
do visível ao invisível,
com a percepção nua
a beber no puro âmbito
que desnuda as formas
e te devolve ao início,
no abraço de um saber
esculpido no fundo da luz.
***
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