Arménio Vieira (@ Edson Carvalho)
A sua poesia ofrece uma mistura muito particular de referências clássicas e sintaxe longa e retórica utilizadas dum jeito que só a modernidade posterior às vanguardas pôde assumir, o que depara nuns textos poéticos em prosa surpreendentes:
Arménio Vieira, Prémio Camões 2009, é considerado um “escritor irreverente” (e digo eu: agora somos todos assim neste país, pois já ficou claro que não temos monarquia que uma reverência possa merecer). Iniciou-se na literatura como poeta lá pelos 80, como tantos escritores vivos da nossa Galiza e mora também num pequeno país, Cabo Verde, de luto a dia de hoje polo falecimento de Cesária Évora, tão querida entre nós. E para mais semelhanças, queixa-se o poeta que publicou este livro referenciado por nós em 2009 de, apesar de levar o Camões com orgulho na proa, não ter recebido nenhum dinheiro da editorial.
«O sonho, isto é, a via pela qual viaja o sonhador, tem mares, mostrengos, menos que só viu quen não precisa de velas, mastros, quilhas para que de ciclopes, sereias, bruxas conte o que Ulisses não podia contar. Porventura o Grego ter-se-ia lembrado que, de quanto doeu, Nausica fora o pior tormento? (Ela que o quis com não fingido amor, sem que ele pudesse amá-la!) Saberia Ulisses contar os sonhos de alguém que o pôs no mar e lhe deu navios? E que, ao despertar, achou que era tempo de ele rever o lar, que é onde acaba o mar e começa a viagem de quem, viajando nunca, é o que deveras viaja?» {O poema, a viagem, o sonho, de Arménio Vieira}
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