A construção do “eu” por meio da poética do cotidiano
Thaís Campolina Martins nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. É Bacharel em Direito, pós-graduada em Escrita e Criação, curadora do Leia Mulheres Divinóplis e criadora do clube de leitura online Cidade Solitária. Estreou na poesia com o livro eu investigo qualquer coisa sem registro pela Crivo Editorial (2021), também publicou o conto Maria Eduarda não precisa de uma tábua ouija, em formato e-book (2020). A escritora já criou e participou de vários projetos e coletâneas que dialogam com temas como memória, direitos humanos, feminismo, literatura e arte.
Como se tratasse de um registro fotográfico, a poesia de Thaís Campolina move-se através das lembranças de um tempo ininterrupto, com um atrativo convite a perceber o cotidiano, os nossos hábitos, os nossos interesses. O livro eu investigo qualquer coisa sem registro, convida-nos a essa introspeção, a observar aspectos das relações humanas com o nosso cotidiano, com as nossas histórias e impressões.
Carla Nepomuceno. Galiza, março de 2023
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lar
duvido dos meus contornos
da largura do meu pulso
do tamanho dos meus braços
da área das minhas coxas
de como ocupo a cama
me espalho pela casa
e pareço refletida
no espelho do banheiro
o desaparecimento
parece inevitável
uma mulher escondida
se dilui em seus pertences
e se aproxima
cada vez mais
de uma coberta
felpuda e confortável
Poema de eu investigo qualquer coisa sem registro (Crivo Editorial, pág. 19)