Isabela Sancho, nascida no Brasil, é escritora, ilustradora e psicanalista. Autora dos livros de poesia “As flores se recusam”, “A depressão tem sete andares e um elevador”, “Monstera” e “Olho d’água, espelho d’alma“, além da plaquete “Quem fala em seu nome” e do livro infantil “A invenção das Isabélulas”.
**
Horizonte dormente
água sem eira.
Em seu lugar cicatriza
a nova alva
cega sem centro.
Calma de oblívio
a orla a sustém
espessa
à espera do pouso
emudecido dos insetos.
*
Nata estanque
costura a si
seus pulsos raros.
Membrana esquiva
abole sólida
o meu reflexo
advertência contra o nado.
Posso ao máximo
lhe patinar
ou ceder com as fissuras.
*
Cascalhos ao alcance
de uma insurreição.
Apedrejo
a água mudada em crosta.
Como revolver
sua paz de morta
se cada queda se afunda
só
sem reverberar uma radial.
*
À última pedra sobe
uma bolha de sal
estouro anúncio
dos entulhos sobrenadados
balizando arredores
peixes que deixaram de arfar.
You might also like
More from Isabela Sancho
5 poemas de Isabela Sancho
Bouquet Ramalhete tomado com o assalto de dois goles súbitos – a presença encorpada em doçura crescente, insuportável de júbilo, excessiva como um lírio. * Narcisos O olho esquerdo agarrado a si …