Gosto de olhar as crianças quando elas se param e concentram as suas retinas em meus gestos andares. Com esse olhar concêntrico e abrasador, fico muito contente só com o “bom dia” que refaz conversa. Iam para a escola do subúrbio, agasalhando conversa entre elas. A solidariedade manifesta-se em essa andada sem preguiça quando percorrem longos caminhos de dez ou quinze quilômetros para chegar à escola. A fatídica vida das crianças no universo moçambicano é muito complicada. Quando miro a estas figuras heroicas que crescem subordinadas aos trabalhos duros de ir à procura de água potável a muitos quilómetros de longitude. Lembro-me da poeta e saudosa amiga, Noémia de Sousa, quando falava das crianças de Moçambique, no poema, “Moças das Docas”: “De mãos ávidas e vazias, / de ancas bamboleantes lâmpadas vermelhas se acendendo, / de corações amarrados de repulsa, / descemos atraídas pelas luzes da cidade, / acenando convites aliciantes / como sinais luminosos na noite”.
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