Katia Marchese sempre viveu com intensidade a força do universo feminino
Katia Marchese é graduada em Serviço Social, tem trabalhos publicados em várias antologias, como Senhoras Obscenas I e III (Benfazeja, 2017 e Patuá, 2019), Tanto Mar sem Céu – Laboratório de Criação Poética (Lumme, 2017), Casa do Desejo – A literatura que desejamos (Patúa-FLIP 2018), Poesia em Tempos de Barbárie (org. Claudio Daniel. Lumme, 2019), Hiltianas vol.1 (Patuá, 2019), 80 balas, 80 poemas (Org. Claudio Daniel. Zunai versão digital), Demônio Negro (no prelo) e a coleção Cartas em torno da Sobrevivência da A Poesia Sobrevive (Literatura- SESC Campinas, 2020).
Tem publicações como, plaquete Por favor diga meu nome (produção gráfica Uva Costriuba, 2019), Mulheres de Hopper (Patuá, 2020) e que foi lançado em março de 2021. Está presente nas revistas literárias Germina, Musa Rara, Portal Vermelho, Revista Vício Velho, Zunái, Ruído Manifesto, Jornal Tornado – Portugal, Jornal O Rascunho de Literatura, Revista Gueto de Literatura e Arte e R’evista Miranda da Janela – Cultura e Arte.
No livro Mulheres de Hopper, a escritora faz um recorte das telas do pintor, dividindo-as em trajetos, janelas, quartos e casas e oferece um cenário que revela o quotidiano feminino, levando-nos a experimentar os mais profundos sentimentos: a solidão, a angústia, os sonhos, a resiliência. Mulheres de Hopper apresenta poemas de desconstrução e recolhimentos, bem como poemas de construção e afirmação da liberdade. Para a secção «Café com Português» a escritora lê o poema “Fardos”.
Carla Nepomuceno. Galiza, março de 2023
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Fardos
Ela se curva.
Costurando pensa
em quantidades
intermináveis,
em seu menino
negligenciado,
na terra exaustiva
que não se importou em deixar.
A madrugada
atravessa lentamente.
Seus pés adormecidos
tocam a parede
e ela finge alcançar
o casco de um barco.
Mesmo que não haja
rio à sua frente,
o tecido corre
até as margens do Guapay.
Mas chegar
é impossível.
A dívida é um cão
por detrás das janelas
e ela ficará ali,
silenciada e invisível,
como um fantasma
na máquina de costura.
(Mulheres de Hopper, Patuá, 2020 – Prêmio ProAc Poesia do Estado de São Paulo, 2019)
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