Manifesto da poesia merdenta
Proclamo-me amante da vossa merda
Proclamo-me defensor da linguagem da vossa realidade
A minha poesia são as vossas fotografias
Quero que vejais os vossos cus
Eletrocuto os sentimentos dos sodomitas
A violência explícita também é arte
E deixo constância de que no meio do recitado deste poema
a porta estará aberta
Quero degustar a vossa merda
Fazer-lhe um altar
Contemplai a vossa criação
Mas nunca ser guião do teu vídeo de campanha
Não estou ao teu serviço
Só ao da merda
Proponho-vos recriar o trabalho de Artaud
Teatro de merda
O teu vizinho entra todas as noites a cheirar-che o cu
E quando te dás conta já che arrincou a pirola duma mordida
A tua merda também é
cagar-te na história
A tua merda também é
que a tua vizinha chore porque o seu filho é maricão
Mas sigo sem ser panfletário
Proclamo-me contrário aos que não gozam com a merda
Proclamo-me contrário ao uso da merda pra algo não merdento
Proclamo-me contrário a tragar a merda
Não tenhais medo a viver com a merda
Eu sou a merda
*
*
Foto de cabeçalho: “O natural, o artificial e as moscas” (dedicada à direita nacional-católica espanhola. Praia do Matadouro, A Corunha, 2009), por Alfredo Ferreiro.
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