Se um fenómeno podemos destacar do breve percurso editorial de Livros que nom lê ninguém. Poesia, movimentos sociais e antagonismo político na Galiza (Através Editora) é o relativo éxito do seu título, qualificado por Armando Requeixo como “magnífico imán para calquera capa” e modestamente vitoriado por algumhas pessoas próximas, especialmente entre aquelas que, com bom critério, nom tenhem entre as suas preferências intelectuais a poesia, a crítica ou o ensaio.
Parece haver nesse entusiasmo pola escolha do título um ajuste de contas com a poesia galega ou, doutro ponto de vista, umha espécie de confirmaçom de hipóteses prévias sobre a excessiva publicaçom de livros (de poesia) em galego, a ausência dum público real ou suficientemente numeroso para esse género ou, até, de forma contraditória, a denúncia do caráter subsidiado do sistema editorial galego ou a necessidade de melhorar as suas estratégias comerciais. Já sabem, som desse tipo de opinions que, a falta de muitos matizes, em momentos pontuais tendem a unir num mesmo discurso os defensores da hegemonia cultural espanhola na Galiza e os defensores de determinado modelo de normalizaçom para a cultura galega.
Infelizmente, para estas pessoas, o livro nom confirma com rotundidade estas hipóteses formuladas a partir do título, em parte porque carecemos de estudos fiáveis sobre estes assuntos e qualquer análise sobre eles está demasiado perto daquilo de usar a língua e pastar. As perguntas encapsuladas no título som outras: Que conclusons tiramos do contraste entre a importáncia simbólica da poesia e a sua posiçom atual no conjunto das práticas culturais? Podemos já só falar de “livros” e de “leitura” quando nos debruçamos sobre a poesia contemporánea? Quais som as funçons reais da poesia no ámbito da mobilizaçom política? Quando é que podemos afirmar que a poesia contribui de forma efetiva à transformaçom social?
Referim num dos parágrafos de acima a ideia de “normalizaçom”, submetida a crítica no livro e objeto corrente de debate nos atos de apresentaçom. Mas permitam-me que hoje o deixe por aqui, porque se me deixo levar som capaz de querer reescrever o livro e, portanto, de aborrecê-los ainda um pouco mais. E para isso já estám as culturas normais e os debates sobre a política linguística de ABANCA.
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