Lá estavam prostradas sobre um colchão, aquelas jovens mergulhadas no despotismo da doença. Vítimas de furtivos violadores: transgressores de vidas plenas que irradiavam esperança. Lá estavam ladeadas com o suplício da SIDA e o peso das sombras sobre elas. Nenhum poder civil, religioso e de falsa moral posse escarnece-las. Basta de anátemas! Puta que pariu as suas excomunhões! Sempre envoltos num lenço de pureza e, tão altos e tão longe das realidades e das tristezas que afligem os que já renunciaram a qualquer forma de viver. As vi com as chinelas a seu lado: totem querido e bálsamo de seus pés, símbolo que nos tateia a alma em espiral a qualquer preço. Assim, de perfil e sem mediocridades, ficam mergulhadas noutro desterro, o das nossas ambiguidades e pérfidos silêncios.
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