Emília Souza, mulher nascida em 8 de março há 40 anos numa pequena cidade mineira, passou a infância na roça, rodeada por linguagens, realidades, crenças e dinâmicas absolutamente diferentes das tantas outras que conheceria ao longo dessas quatro décadas.
Cria desde a primeira necessidade de se expressar neste mundo. Já colocar no papel, demorou um pouco; e tirar da gaveta, muito mais. Hoje, é graduada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Facamp (onde estudou com bolsa 100% pelo Prouni; salve os programas sociais!) e, no momento, atua como roteirista audiovisual.
Na literatura, estreou na poesia com o livro Vem segura a minha mão, publicado pela Editora Patuá. Faz parte do Coletivo Bambu, formado por autores de Campinas e região, e do Coletivo RuídoRosa, formado por autores de todo o país.
Carla Nepomuceno. Galiza, março de 2023
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sabá
vem
segura a minha mão
temos um sabá esta noite
mas deixemos em paz
as árvores e florestas
empilhemos sobre as pedras das praças
bem no meio das cidades
corpos de abusadores
ateemos fogo
dancemos em volta da fogueira
brindemos a morte
não há pecado ou feiura em desejá-la
comemorá-la
não há pecado no alívio
que só a morte deles
concede às mulheres
à carne podre que queima
não restará oportunidade
de contaminar a terra
e quando o dia raiar
ao menos algumas de nós
estaremos mais seguras
De Vem segura a minha mão (Patuá, 2023)
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