Desço o vagar. Lentamente para o corpo legado por partículas menores, ligadas pelo fogo, a mão a mim. Sinto entre as pernas a umidade quente e viva percorrer perene-parede alojada na ceda da pele. E sinto a infância, tal umidade leve e dolorosa. E sinto a lâmina. E sinto a agulha. E sinto o fogo deflagrar gemidos em radares oculto-presentes neste corpo no qual desço lentamente. Por vezes não sinto nada e o medo, e o gemido. Teu corpo guloso engole fogo, A íman. E Fogo, a medo que perdura-se do silêncio, a corda onde liga uma ponta a outra. Fio-de-prumo. Talvez paredes separadas por lapsos do sentir. E sei. E já não sentes o fogo. E lamina. E gemido. E frio ainda que quente-amargo na veia tensa na caneta e na mão entre os cantos do papel a deslizar garço, que a lágrima faminta no rosto a derreter a saudade de uma emoção precipitante, a memória. E sentes tu. Do que sinto? [talvez]. O corpo. Da distância e o meio que nos irrita uns pelos outros, a mim. E na emoção obscena que galga a vontade ainda seca na veia. E vezes morem falsas, na timidez da coragem que nos imita, a nós. Ainda junto na ausência-física e presença-intima-física da saudade inviolável como fruto verde deixa o ramo ainda vivo, a fogo e sozinho. Digo ainda nesta lentidão morna e leve, a fogo. A pergunta que veste-se a mim, o silêncio. Como diria eu, sinto te fogo deflagrar-me na ausência-presença-física do mesmo silêncio abstracto, o nosso, Como [?] E apenas desçamos para o corpo de mãos dadas e juntos com o poema.
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