DESEJO CONFIDENCIAL
Uma palavra,
um olhar,
uma alegria para a vida.
Pensamento: saber sorrir para o horizonte.
Um amarelo,
um negro esverdeado,
um branco acastanhado,
unidos na mesma linguagem transparente.
Ideal: o Homem tem uma raça transparente.
Um corpo,
em nó de êxtase,
escorrendo lágrimas lunares.
Desejo: libertar a alma em noite de estrelas.
Pensamento. Ideal.
Desejo. Confidência.
Cor, corpo e êxtase.
Convicção: eu sou tu na percepção dos outros.
Semear palavras,
em sulcos de amor.
Martirizar a nossa paixão,
no nirvana da liberdade.
Confidência: todo o pensamento é um ideal de desejo.
O QUE NUNCA ME DISSERAM
O que nunca me disseram, é o seguinte:
«Kelesa meu bem,
você está no além
no decorrer do lazer
que se faz presente no prazer,
de não ter consumado
o lado virginal do amor».
Enfim, nunca me disseram coisas idênticas
mas, o que eu não sabia, verdadeiramente,
é que o prazer custa renda.
O QUE JÁ OUVI
O que já ouvi é:
«A água divina
custa o celeiro do harém.
Do lado seco da emoção
não existe tranquilidade afectiva.
O desejo do saber
está em ti
quando me negas o prazer carnal».
Agora confirmo o que me disseram:
todo o prazer, mesmo que partilhado, é egoísta.
MULHER-POEMA
Hoje saí à rua para conversar com um amigo. Trocamos líricas, improvisamos poesia e fizemos uma batalha musical de palavras. Ou seja fizemos um[a] «berol» de palavras. Ah, «berol», é uma confrontação ou competição lírica, com uma base musical de uma batida forte, onde a improvisação poética é primordial. Eu estava tão animado que improvisei muita poesia. Ofereci muita poesia. Oferecia poesia à qualquer pessoa, à qualquer um que passava pela rua. De repente, vi uma menina, linda, e eu disse: «Menina não queres que eu declame um poema para ti». «Um poema», disse ela. «Sim, um poema», disse eu. Ela atrapalhada, andando disse, «Um poema», e eu respondi, «Um poema». Ela, atordoada disse: «Olha, eu não sou um poema». Na hora, eu e o meu amigo, tivemos uma vontade enorme de rir. [Para ser franco, eu e meu amigos rimos]. Depois de muitas gargalhadas, compreendi, que ela talvez se rebaixasse, sinal de humildade, para um acto nobre e sublime que eu queria fazer para ela: declamar um poema. Ela não é um poema. Sente-se inferior a tamanha arte das palavras, que prefere acanalhar-se a inexaurível e esgotável arte lírica. Mas nunca esquecerei da frase por ela proferida: «Eu não sou um poema». Essa frase vinda de uma mulher tem uma tonalidade de verdade absoluta. Mas a verdade, e eu acredito na minha infinita abnegação, é que «toda a mulher é um poema». Acreditem no que disse e escrevi, pois aconteceu. Mas acreditem mais na seguinte verdade: toda a mulher é um poema.
XXXI-Março-08
21:43 min.
A FLOR ESPERADA
Na vida aprendemos a ter vários horizontes. Mas os horizontes devem ser feitos com perspectivas bem assentes na terra. Mas a terra precisa de receber a semente para germinar. Mas a semente só germina quando é bem plantada. Mas se eu plantei agora, futuramente não estou preparado para colher nenhum fruto. Mas o fruto pode vir, se não vier, não será pela falha dos meus actos, mas pela falha da fé que eu não tenho na semente que lancei. Se não ver nenhum fruto, será porque carrego muitos erros de fertilidade emocional. Olha Eureka, eu já estava preparado para dar e receber tudo o que viesse de ti, principalmente o filho ou a filha que me querias oferecer. Não foi desta convivência que a semente se tornou flor. Não é desta estação que a semente vai germinar. Mas então devemos nos cuidar mais, para que o filho ou flor que vai nascer nas próximas sete estações sem rotações da lua em volta da terra, possa encontrar tudo feito, para ela – lua – ou a flor sobreviver. Mas eu acho que vai ser «ela», a bela flor. Se for uma flor, será Eureka, pois essa é a melhor forma de te homenagear como mulher, mãe e grande companheira que tu és.
Paz. Eu te amo: Eureka.
IV-Março-08
22:50 min.
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