Ao menino não lhe perguntei pelo seu braço direito. Ele, talvez, careceria de matizes para dar-me uma resposta meridianamente aceitável. Ele desconhece as justificações bélicas e, também, as palavras improvisadas para escarnecer. Faz muito bem negar intromissões aos que perguntam pela dispersão do seu braço direito, pela família, que talvez perdeu, ou pelo seu coração impressionado que ainda esquadrinha as abreviaturas dos que fizeram a guerra. Já pouco importa justificar a amputação de seu braço destro ou retrair-se na catástrofe, quando os mistérios já nada importam. No garoto evidenciava-se desamparo, mas não desnutrição. “No bairro rico todos dão esmola”, diz. Pode que nas cubatas pobres tivesse que lamber migalhas no fundo do prato. Mas os da sua classe dão-lhe cumprimentos requintados e com muita graça.
You might also like
More from Crónicas
Adeus, ti, Ponte Nafonso I por Ramón Blanco
"En la ingeniería civil la seguridad estructural está en lo más profundo de su identidad, por lo que no puede admitir …
À noite, o vazio | Kerley Carvalhedo
Era o início de uma habitual madrugada, e estava prestes a terminar um texto que entregaria na manhã seguinte para …